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Governo quer usar eleição para eliminar erro em tarifa de luz
Ideia é aproveitar proximidade de pleito para fazer distribuidoras
assinarem termo aditivo em contrato para acabar com distorção
Tática é começar com
estatais como Copel (PR) e
Cemig (MG), controladas por
governos cujos titulares têm
ambições políticas em 2010
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai aproveitar a
proximidade das eleições de
2010 para conseguir que as distribuidoras de energia assinem
o termo aditivo do contrato de
concessão que irá acabar com o
erro que prejudica o consumidor nos reajustes de tarifa.
A tática é passar primeiro a
responsabilidade para cima das
estatais controladas por governos cujos titulares têm ambições políticas em 2010: Copel
(Paraná, Roberto Requião,
PMDB) e Cemig (Minas Gerais,
Aécio Neves, PSDB).
As duas são grandes empresas (a Cemig é a maior do país) e
os governadores terão dificuldade política em explicar por
que suas distribuidoras não assinariam, continuando a cobrar
a mais, indevidamente, de seus
consumidores/eleitores.
Depois, serão chamadas, individualmente, as demais grandes empresas do setor (Eletropaulo, Light etc.). A Abradee
(Associação Brasileira de Distribuidores de Energia) será
deixada de lado. O governo avalia que a associação se posicionou de forma radical contra
qualquer mudança, enquanto
representantes de distribuidoras, de forma individualizada,
disseram à CPI das Tarifas de
Energia que concordavam em
reparar o erro.
Até o final da semana, a diretoria deverá se reunir para
aprovar o texto. Depois disso,
começam as negociações individuais com cada uma das 63
distribuidoras de energia.
O objetivo é que todos os reajustes de tarifa previstos para
2010 sejam calculados já com a
nova metodologia, ou seja, sem
perda para o consumidor. A
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) não calculou
as perdas que o erro de metodologia provoca, mas o TCU
(Tribunal de Contas da União)
estima que sejam da ordem de
R$ 1 bilhão por ano.
Os reajustes de 2010 começam em fevereiro, mas a primeira grande distribuidora a
ter sua tarifa modificada será a
Ampla, que atende o Rio (menos capital), em março. Em São
Paulo, os reajustes das grandes
começam em abril (CPFL).
Passivo
Mesmo que as negociações
entre Aneel e distribuidoras
deem certo e os contratos sejam corrigidos, não significa
que o consumidor terá direito
ao que já foi pago a mais. O erro
existe desde a assinatura dos
contratos de concessão, em
meados dos anos 1990, mas
passou a ter relevância a partir
de 2001, quando o governo
criou sistema para reduzir os
riscos cambiais aos quais as distribuidoras estavam expostas.
De forma resumida, o erro
faz com que, por causa do crescimento de seu mercado, a empresa passe a arrecadar mais do
que o necessário para arcar
com encargos e subsídios embutidos na tarifa. Esse dinheiro
a mais que entra não é repartido com o consumidor.
Para a Aneel, apesar de distorcido e prejudicial ao consumidor, o reajuste anual foi calculado dentro do que previam
os contratos de concessão e a
regulamentação do setor. Ou
seja, não houve erro -logo, não
há perda a ser reclamada.
Como esse posicionamento
coincide com o da maioria das
distribuidoras, resta ao consumidor buscar, por meio de
ações judiciais, reparação dos
prejuízos causados.
A Pro Teste, entidade de defesa do consumidor, e a Fiesp
cobraram ontem que a Aneel
obrigue as distribuidoras a ressarcir o consumidor das perdas
causadas pelo erro na forma de
calcular o reajuste anual.
A Aneel informou que o ressarcimento está sendo tratado
em um processo à parte, no
qual será analisada a possibilidade jurídica desse pagamento.
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