São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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ANÁLISE

Queda do dólar não compromete balança

DA REPORTAGEM LOCAL

A recente queda do dólar não deverá comprometer o bom desempenho esperado da balança comercial neste ano, por duas razões principais: 1) enquanto o dólar se mantiver numa faixa entre R$ 3,10 e R$ 3,30, a remuneração dos exportadores continuará alta e 2) é opinião unânime no mercado que o recuo da moeda norte-americana é temporário.
Com isso, economistas não estão revisando suas projeções para a balança comercial em 2003. Continuam esperando saldo positivo entre US$ 14 bilhões e US$ 18 bilhões.
"O nível de rentabilidade das exportações ainda é dos mais altos dos últimos anos", diz o economista Fernando Barbosa, do BBV Banco. As exportações começaram a deslanchar em julho passado, lembra ele, quando o dólar oscilava em torno de R$ 3.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco, concorda: "Ninguém tomou decisão de exportar só quando a moeda norte-americana chegou a R$ 3,80. Até porque seria difícil acreditar que essa taxa era sustentável. O crescimento das exportações foi fruto principalmente de decisões planejadas, tomadas anteriormente".
Os produtos cujas vendas no exterior são mais afetados pelo recuo do dólar são os chamados básicos (como commodities e alimentos), cujo preço é diretamente estabelecido nessa moeda.
Uma queda continuada do dólar poderia, portanto, colocar em risco a expansão das exportações desse setor.
No entanto, a expectativa do mercado é que o recuo da moeda norte-americana tenha duração curta. Ao sinal das primeiras dificuldades políticas do governo ou de instabilidade externa -como uma guerra contra o Iraque-, o dólar tende a voltar a subir.
Ou seja, mesmo que não volte aos patamares de R$ 3,80, tampouco a moeda norte-americana deve se sustentar abaixo de R$ 3,20 neste ano.
"O câmbio médio do ano passado foi de R$ 2,93. É difícil acreditar em um patamar inferior a esse para este ano. O que significa que as exportações têm tudo para crescer em relação a 2002", diz Barbosa.
Por enquanto, os benefícios macroeconômicos provocados pela recente queda do dólar são maiores que os riscos para as contas externas.
É esperado um recuo na parcela da dívida pública federal atrelada ao dólar. A inflação também tende a recuar em um contexto de apreciação do real. (ÉRICA FRAGA)


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