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ANÁLISE
Queda do dólar não compromete balança
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente queda do dólar não
deverá comprometer o bom desempenho esperado da balança
comercial neste ano, por duas razões principais: 1) enquanto o dólar se mantiver numa faixa entre
R$ 3,10 e R$ 3,30, a remuneração
dos exportadores continuará alta
e 2) é opinião unânime no mercado que o recuo da moeda norte-americana é temporário.
Com isso, economistas não estão revisando suas projeções para
a balança comercial em 2003.
Continuam esperando saldo positivo entre US$ 14 bilhões e
US$ 18 bilhões.
"O nível de rentabilidade das
exportações ainda é dos mais altos dos últimos anos", diz o economista Fernando Barbosa, do
BBV Banco. As exportações começaram a deslanchar em julho
passado, lembra ele, quando o dólar oscilava em torno de R$ 3.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco, concorda: "Ninguém tomou decisão
de exportar só quando a moeda
norte-americana chegou a
R$ 3,80. Até porque seria difícil
acreditar que essa taxa era sustentável. O crescimento das exportações foi fruto principalmente de
decisões planejadas, tomadas anteriormente".
Os produtos cujas vendas no exterior são mais afetados pelo recuo do dólar são os chamados básicos (como commodities e alimentos), cujo preço é diretamente estabelecido nessa moeda.
Uma queda continuada do dólar poderia, portanto, colocar em
risco a expansão das exportações
desse setor.
No entanto, a expectativa do
mercado é que o recuo da moeda
norte-americana tenha duração
curta. Ao sinal das primeiras dificuldades políticas do governo ou
de instabilidade externa -como
uma guerra contra o Iraque-, o
dólar tende a voltar a subir.
Ou seja, mesmo que não volte
aos patamares de R$ 3,80, tampouco a moeda norte-americana
deve se sustentar abaixo de
R$ 3,20 neste ano.
"O câmbio médio do ano passado foi de R$ 2,93. É difícil acreditar em um patamar inferior a esse
para este ano. O que significa que
as exportações têm tudo para
crescer em relação a 2002", diz
Barbosa.
Por enquanto, os benefícios macroeconômicos provocados pela
recente queda do dólar são maiores que os riscos para as contas externas.
É esperado um recuo na parcela
da dívida pública federal atrelada
ao dólar. A inflação também tende a recuar em um contexto de
apreciação do real.
(ÉRICA FRAGA)
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