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Fundo retira proposta de moratória
DA REDAÇÃO
O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou um extenso
relatório detalhando seu plano de
criar um sistema global de concordatas para países impossibilitados de pagar suas dívidas. A
proposta mais polêmica, porém,
não está, no relatório: um item
que proibia credores individuais
de processar um governo devedor
por até 90 dias depois de iniciado
o processo de concordata.
Esse item não era bem visto em
Wall Street. Investidores dizem
que, se não puderem ir à Justiça
para reaver o dinheiro emprestado, é provável que ninguém queira investir em mercados emergentes e de maior risco.
O plano é uma espécie de concordata da dívida externa que visa
dividir o ônus da reestruturação
com os credores privados. Ganhou força quando, em 2001, a
Argentina anunciou que não pagaria uma dívida de US$ 805 milhões. Anne Krueger, vice-diretora-gerente do FMI, propôs então
a criação de um sistema que organizasse a relação entre credores e
países com problemas para pagar
suas dívidas.
Segundo Krueger, o documento
divulgado nesta semana vai "fornecer a base" para uma proposta
a ser apresentada ao comitê de
ministros das Finanças que supervisiona as políticas do Fundo.
Krueger não se pronunciou sobre a retirada da proposta polêmica. Segundo William Murray, um
porta-voz do FMI, esse item não é
um ponto central do plano e, por
isso, a executiva do Fundo não teria razões para fazer declarações
específicas sobre ele.
Desde o calote da Argentina, o
FMI e o governo americano têm
feitos propostas divergentes para
resolver esse tipo de crise. O governo dos EUA prefere um plano
menos ambicioso do que o apresentado pelo Fundo, no qual novos contratos conteriam cláusulas
dizendo como a dívida soberana
poderia ser reestruturada. Os credores privados dizem preferir esta
última opção.
Segundo o plano do FMI, um
governo que declarasse que sua
dívida era "insustentável" poderia
iniciar, unilateralmente, um processo de concordata. Para isso, teria que notificar um comitê -independente do Fundo- que cuidaria desses casos.
A partir disso, o país estaria
obrigado a fornecer aos credores
todas as informações relacionadas às suas dívidas. Nos 30 dias seguintes, as informações seriam
analisadas, e as negociações, intermediadas pelo comitê.
O devedor deveria então chegar
a um acordo com os credores em
torno de um plano de reestruturação que desse conta de pelo menos 75% do valor devido. O acordo se estenderia a todos os outros
credores.
Com agências internacionais
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