São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Produção de veículos cai pela metade

Com férias coletivas e corte de vagas, setor produz menos em dezembro; vendas reagem

Apesar de freada no final do ano, fabricação foi recorde, com 3,2 milhões de unidades; no mês passado, mais de 3.000 postos foram fechados

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com férias coletivas e demissões, a produção da indústria automotiva caiu pela metade no mês passado. Houve recuo de 54% em relação a dezembro de 2007 e de 47% na comparação com novembro último, segundo dados divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O ajuste na produção veio como resposta ao elevado nível de estoques, mas não foi suficiente para trazer à normalidade o volume de carros nos pátios.
"Tivemos uma diminuição importante, mas ainda estamos em níveis altos", disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. O setor encerrou o mês de dezembro com um estoque de 211.625 veículos, suficiente para abastecer o mercado por 36 dias. Em novembro, os estoques representavam 56 dias de vendas. Segundo Schneider, 30 dias pode ser considerado um nível normal.
Apesar da forte queda no final do ano, a indústria automotiva registrou produção recorde em 2008, com 3,21 milhões de unidades, alta de 8% em relação a 2007. Com o resultado, o país deve passar da sétima para a sexta posição no ranking dos maiores produtores mundiais de veículos, atrás de Japão, China, Estados Unidos, Alemanha e Coreia do Sul, conforme as previsões da Anfavea.
Mesmo com o impacto da crise financeira internacional no mercado automotivo a partir de outubro, a indústria bateu também recorde de vendas no ano passado. Foram vendidos 2,82 milhões de veículos, volume 14,5% maior do que o observado em 2007.
"Podemos dividir o ano passado em duas partes. A que vai até setembro, com resultados muito positivos, e a que começa em outubro, com redução de crédito, perda de confiança e impacto nas vendas", afirmou o presidente da Anfavea.
Depois de dois meses de redução, as vendas se recuperaram em dezembro, com alta de 9,4% sobre o mês anterior. Na comparação com dezembro de 2007, porém, houve um decréscimo de 19,7%.
Para o presidente da Anfavea, os números refletem as medidas tomadas pelo governo para estimular o mercado, como a redução do IPI e a liberação de recursos do Banco do Brasil e da Nossa Caixa.
Para 2009, a Anfavea ainda não concluiu as projeções de desempenho. A entidade espera uma melhor definição de como o mercado vai reagir nos próximos meses.
Além das férias coletivas, a indústria promoveu mais demissões no mês passado. Houve perda de 3.208 postos de trabalho -em novembro 480 pessoas já haviam sido demitidas.
Para Schneider, a perda de empregos está mais relacionada às exportações, que "passam por uma queda contundente desde meados do ano", do que ao esfriamento no mercado interno. No ano, ocorreu uma queda de 7,9% no volume exportado em relação a 2008. Foram embarcadas 727.283 unidades no ano passado. Em valores, entretanto, as vendas externas representaram US$ 13,9 bilhões, cifra 3,4% superior à registrada em 2007.

Fornecedoras
A freada das montadoras tem gerado demissões nos fornecedores. Ontem, a Yazaki, empresa que vende componentes elétricos à Ford, anunciou a dispensa de 200 funcionários, de um total de 1.300, em sua unidade de Feira de Santana (BA).


Colaborou a Agência Folha


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