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Produção de veículos cai pela metade
Com férias coletivas e corte de vagas, setor produz menos em dezembro; vendas reagem
Apesar de freada no final do ano, fabricação foi recorde, com 3,2 milhões de unidades; no mês passado, mais de 3.000 postos foram fechados
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com férias coletivas e demissões, a produção da indústria
automotiva caiu pela metade
no mês passado. Houve recuo
de 54% em relação a dezembro
de 2007 e de 47% na comparação com novembro último, segundo dados divulgados ontem
pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O ajuste na produção veio como resposta ao elevado nível de
estoques, mas não foi suficiente para trazer à normalidade o
volume de carros nos pátios.
"Tivemos uma diminuição
importante, mas ainda estamos
em níveis altos", disse o presidente da Anfavea, Jackson
Schneider. O setor encerrou o
mês de dezembro com um estoque de 211.625 veículos, suficiente para abastecer o mercado por 36 dias. Em novembro,
os estoques representavam 56
dias de vendas. Segundo
Schneider, 30 dias pode ser
considerado um nível normal.
Apesar da forte queda no final do ano, a indústria automotiva registrou produção recorde em 2008, com 3,21 milhões
de unidades, alta de 8% em relação a 2007. Com o resultado,
o país deve passar da sétima para a sexta posição no ranking
dos maiores produtores mundiais de veículos, atrás de Japão, China, Estados Unidos,
Alemanha e Coreia do Sul, conforme as previsões da Anfavea.
Mesmo com o impacto da
crise financeira internacional
no mercado automotivo a partir de outubro, a indústria bateu também recorde de vendas
no ano passado. Foram vendidos 2,82 milhões de veículos,
volume 14,5% maior do que o
observado em 2007.
"Podemos dividir o ano passado em duas partes. A que vai
até setembro, com resultados
muito positivos, e a que começa
em outubro, com redução de
crédito, perda de confiança e
impacto nas vendas", afirmou o
presidente da Anfavea.
Depois de dois meses de redução, as vendas se recuperaram em dezembro, com alta de
9,4% sobre o mês anterior. Na
comparação com dezembro de
2007, porém, houve um decréscimo de 19,7%.
Para o presidente da Anfavea, os números refletem as
medidas tomadas pelo governo
para estimular o mercado, como a redução do IPI e a liberação de recursos do Banco do
Brasil e da Nossa Caixa.
Para 2009, a Anfavea ainda
não concluiu as projeções de
desempenho. A entidade espera uma melhor definição de como o mercado vai reagir nos
próximos meses.
Além das férias coletivas, a
indústria promoveu mais demissões no mês passado. Houve perda de 3.208 postos de trabalho -em novembro 480 pessoas já haviam sido demitidas.
Para Schneider, a perda de
empregos está mais relacionada às exportações, que "passam
por uma queda contundente
desde meados do ano", do que
ao esfriamento no mercado interno. No ano, ocorreu uma
queda de 7,9% no volume exportado em relação a 2008. Foram embarcadas 727.283 unidades no ano passado. Em valores, entretanto, as vendas externas representaram US$ 13,9
bilhões, cifra 3,4% superior à
registrada em 2007.
Fornecedoras
A freada das montadoras tem
gerado demissões nos fornecedores. Ontem, a Yazaki, empresa que vende componentes elétricos à Ford, anunciou a dispensa de 200 funcionários, de
um total de 1.300, em sua unidade de Feira de Santana (BA).
Colaborou a Agência Folha
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