|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Parceiros do Oriente avaliam guerra
DA REPORTAGEM LOCAL
Os setores da economia brasileira que mantêm interesses no
Oriente Médio já avaliam o impacto que a iminente guerra na
região terá em seus negócios.
Na avaliação de exportadores,
se o conflito for de curta duração,
como o de 1991, que se estendeu
por somente 43 dias, o efeito imediato seria o aumento das cotas de
seguro para o transporte de mercadorias. Desde que, a exemplo
de uma década atrás, não ocorra
interrupção de rotas comerciais.
"Repetidas as condições da última guerra, não teremos muitos
problemas", diz Luiz Gonzaga
Murat Júnior, diretor de finanças
da Sadia. ""Tem sido a mesma impressão dos compradores na região, tanto que não houve demanda fora do normal, que indicasse
formação de estoques", completa.
Para Kuait, Arábia Saudita e
Emirados Árabes, os três principais destinos, a Sadia exportou
em 2002 US$ 180 milhões. Também comercializa com o Iraque
-o país está submetido a regime
de trocas comerciais, imposto pela ONU, que o permite financiar
compra de alimentos com uma
cota de exportação de petróleo.
Até novembro, as exportações
brasileiras para o Oriente Médio
somaram US$ 2,120 bilhões -aumento de 14,62% em relação a todo 2001. Mas, apenas em janeiro
deste ano, o volume exportado
(em dólares) aumentou 91,1% sobre o mesmo mês de 2002. As vendas para o Irã expandiram-se
335% (de US$ 28 milhões para
US$ 122 milhões), para os Emirados Árabes, 75% (de US$ 40 milhões para 70 milhões), e para a
Arábia, 64,5% (de US$ 31 milhões
para US$ 51 milhões). Na lista de
produtos mais comercializados
estão óleo de soja, ferro e aço, carnes, petróleo (o Brasil exporta
parcela de óleo pesado que não
tem condições de refinar).
O eventual conflito causa espasmos aos exportadores de soja e
derivados. Não sem motivos. Em
um ranking preparado pela Abiove (associação das indústrias), o
Irã desponta desde 1998 como o
maior importador de óleo de soja
do Brasil. No ano passado foram
573 mil toneladas, o que representa 30% das exportações de óleo.
Por ora, a Abiove sustenta temer apenas o aumento dos seguros pelo frete. O argumento da entidade é que, se houvesse temor
de interrupção de fluxo, estaria
refletido nos preços praticados
hoje em Chicago (a principal bolsa de commodities do mundo).
"No caso de um conflito de
grandes proporções e longo, poderemos enfrentar postergação
de encomendas", diz José Rubens
de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, fabricante de ônibus. Em
2001, a empresa (em parceira com
Volkswagen e Mercedes-Benz)
assinou contrato para fabricação
de 1.500 ônibus, a serem entregues até 2004.
(JOSÉ ALAN DIAS)
Texto Anterior: Negociadores buscam acordos comerciais Próximo Texto: Opinião econômica: Continente à deriva Índice
|