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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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Parceiros do Oriente avaliam guerra

DA REPORTAGEM LOCAL

Os setores da economia brasileira que mantêm interesses no Oriente Médio já avaliam o impacto que a iminente guerra na região terá em seus negócios.
Na avaliação de exportadores, se o conflito for de curta duração, como o de 1991, que se estendeu por somente 43 dias, o efeito imediato seria o aumento das cotas de seguro para o transporte de mercadorias. Desde que, a exemplo de uma década atrás, não ocorra interrupção de rotas comerciais.
"Repetidas as condições da última guerra, não teremos muitos problemas", diz Luiz Gonzaga Murat Júnior, diretor de finanças da Sadia. ""Tem sido a mesma impressão dos compradores na região, tanto que não houve demanda fora do normal, que indicasse formação de estoques", completa.
Para Kuait, Arábia Saudita e Emirados Árabes, os três principais destinos, a Sadia exportou em 2002 US$ 180 milhões. Também comercializa com o Iraque -o país está submetido a regime de trocas comerciais, imposto pela ONU, que o permite financiar compra de alimentos com uma cota de exportação de petróleo.
Até novembro, as exportações brasileiras para o Oriente Médio somaram US$ 2,120 bilhões -aumento de 14,62% em relação a todo 2001. Mas, apenas em janeiro deste ano, o volume exportado (em dólares) aumentou 91,1% sobre o mesmo mês de 2002. As vendas para o Irã expandiram-se 335% (de US$ 28 milhões para US$ 122 milhões), para os Emirados Árabes, 75% (de US$ 40 milhões para 70 milhões), e para a Arábia, 64,5% (de US$ 31 milhões para US$ 51 milhões). Na lista de produtos mais comercializados estão óleo de soja, ferro e aço, carnes, petróleo (o Brasil exporta parcela de óleo pesado que não tem condições de refinar).
O eventual conflito causa espasmos aos exportadores de soja e derivados. Não sem motivos. Em um ranking preparado pela Abiove (associação das indústrias), o Irã desponta desde 1998 como o maior importador de óleo de soja do Brasil. No ano passado foram 573 mil toneladas, o que representa 30% das exportações de óleo.
Por ora, a Abiove sustenta temer apenas o aumento dos seguros pelo frete. O argumento da entidade é que, se houvesse temor de interrupção de fluxo, estaria refletido nos preços praticados hoje em Chicago (a principal bolsa de commodities do mundo).
"No caso de um conflito de grandes proporções e longo, poderemos enfrentar postergação de encomendas", diz José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, fabricante de ônibus. Em 2001, a empresa (em parceira com Volkswagen e Mercedes-Benz) assinou contrato para fabricação de 1.500 ônibus, a serem entregues até 2004. (JOSÉ ALAN DIAS)

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