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MERCADOS E SERVIÇOS
Valores não sofrem reajuste desde 1996, e contribuintes pagam mais imposto na hora da venda
Tabela congelada aumenta IR sobre imóveis
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A venda de imóveis tem se tornado um problema para vários
contribuintes, por causa da falta
de correção do patrimônio inscrito na declaração de rendimentos.
O valor dos bens não é reajustado
desde 1996, e o contribuinte acaba
pagando mais Imposto de Renda
na hora de vendê-los.
De 1996 a 2002, o custo da construção em São Paulo (CUB) subiu
61,95%. Como nenhuma parte
dessa variação é repassada para os
imóveis declarados, o Imposto de
Renda que deve ser calculado sobre o lucro na venda de bens pode
estar incidindo apenas sobre custos, e não sobre ganhos.
No ano passado, o governo reajustou a tabela do Imposto de
Renda e as deduções em 17,5%,
mas não fez o mesmo com os
bens. Quando o contribuinte vende um bem de valor igual ou superior a R$ 20 mil, ele já precisa calcular o Imposto de Renda sobre
ganhos de capital.
O imposto é de 15% sobre a diferença entre o valor de aquisição e
o valor de venda. Se um imóvel foi
comprado por R$ 100 mil em 1996
e vendido no ano passado por R$
150 mil, o imposto a ser pago será
de R$ 7.500.
Os contribuintes que têm apenas um imóvel e o valor dele é de
até R$ 440 mil não precisam pagar
o imposto ao vendê-lo. Mas, nesse
caso, é preciso que o contribuinte
não tenha vendido nada nos últimos cinco anos. Se vendeu, o imposto é pago independentemente
do valor do imóvel.
No exemplo, se o governo levasse em conta a correção de custos
no setor da construção civil no período, o contribuinte não pagaria
nada de imposto. Isso porque não
haveria lucro na operação. O lucro acontece se a valorização do
imóvel for superior à correção
dos custos.
Segundo o Secovi (sindicato das
construtoras e imobiliárias) de
São Paulo, o preço médio dos
imóveis novos na capital entre
1998 e 2002 variou 79,3%. O preço
médio do metro quadrado de área
total construído variou 48,91%.
"A tributação está muito alta,
porque os custos não estão sendo
corrigidos", diz o supervisor nacional do Imposto de Renda, Joaquim Adir. Ele argumenta que a
economia está desindexada e o
custo não poderia, portanto,
acompanhar o mercado. "Mas há
inflação, e a tributação pode estar
recaindo sobre ela."
Por meio de sua assessoria, o secretário da Receita Federal, Jorge
Rachid, disse que não há estudos
para mudar a situação dos ganhos
de capital.
O presidente do Secovi do Rio
de Janeiro, Pedro Wähmann, criticou a Receita. "O tratamento dado ao contribuinte é absurdamente injusto."
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