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Expansão de emergentes explica mudança
Barreiras para exportar a ricos e câmbio desfavorável ao setor de manufaturados também influenciam mudança no comércio
Para especialista, alta de exportações a países em desenvolvimento reflete mais tendência do mercado do que política externa
COLUNISTA DA FOLHA
O maior crescimento dos países emergentes, as barreiras
enfrentadas no Brasil para exportar aos ricos e o câmbio desfavorável à venda de manufaturados são apontados como os
principais fatores que explicam
o fato de o país, pela primeira
vez na história, ter exportado
mais para os países em desenvolvimento do que para os desenvolvidos.
A análise é do economista
Carlos Cavalcanti, diretor do
departamento de Relações Exteriores da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo). Ele acha que esse resultado foi fruto essencialmente
de uma realidade de mercado e
pouco tem a ver com a política
externa do governo. "Se o Itamaraty fosse americanista, ainda assim o país estaria vendendo mais para os emergentes",
disse ele.
O principal fator que explica
esse aumento das exportações
para os pobre é, sem dúvida, o
crescimento econômico dos
emergentes. Esses países passaram a comprar principalmente mais alimentos, e o Brasil tem excedentes de produtos
agrícolas.
O mesmo não ocorre com os
países ricos. Os Estados Unidos
e a Europa impõem diversos tipos de mecanismos de proteção contra o Brasil, principalmente à importação de produtos agrícolas. Há barreiras tarifárias e sanitárias, além de subsídios internos praticados pelos ricos, como no caso da soja
produzida nos Estados Unidos.
Um terceiro fator é o câmbio
apreciado, que, segundo Cavalcanti, impede que o Brasil amplie suas exportações, principalmente de manufaturados
para os Estados Unidos. Mesmo assim, os EUA continuam
sendo o país que mais compra
do Brasil. No ano passado, comprou um total de US$ 24,4 bilhões, 36,4% do total destinado
aos desenvolvidos.
Entre os países em desenvolvimento, o maior comprador
do Brasil foi a Argentina, que
importou, em 2006, US$ 11,7
bilhões, o que representa um
crescimento de 400% em relação a 2002. Logo depois vem a
China, com US$ 8,4 bilhões,
233,3% a mais do que quatro
anos atrás. Em terceiro veio o
México, com US$ 4,4 bilhões.
(GUILHERME BARROS)
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