São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Expansão de emergentes explica mudança

Barreiras para exportar a ricos e câmbio desfavorável ao setor de manufaturados também influenciam mudança no comércio

Para especialista, alta de exportações a países em desenvolvimento reflete mais tendência do mercado do que política externa


COLUNISTA DA FOLHA

O maior crescimento dos países emergentes, as barreiras enfrentadas no Brasil para exportar aos ricos e o câmbio desfavorável à venda de manufaturados são apontados como os principais fatores que explicam o fato de o país, pela primeira vez na história, ter exportado mais para os países em desenvolvimento do que para os desenvolvidos.
A análise é do economista Carlos Cavalcanti, diretor do departamento de Relações Exteriores da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele acha que esse resultado foi fruto essencialmente de uma realidade de mercado e pouco tem a ver com a política externa do governo. "Se o Itamaraty fosse americanista, ainda assim o país estaria vendendo mais para os emergentes", disse ele.
O principal fator que explica esse aumento das exportações para os pobre é, sem dúvida, o crescimento econômico dos emergentes. Esses países passaram a comprar principalmente mais alimentos, e o Brasil tem excedentes de produtos agrícolas.
O mesmo não ocorre com os países ricos. Os Estados Unidos e a Europa impõem diversos tipos de mecanismos de proteção contra o Brasil, principalmente à importação de produtos agrícolas. Há barreiras tarifárias e sanitárias, além de subsídios internos praticados pelos ricos, como no caso da soja produzida nos Estados Unidos.
Um terceiro fator é o câmbio apreciado, que, segundo Cavalcanti, impede que o Brasil amplie suas exportações, principalmente de manufaturados para os Estados Unidos. Mesmo assim, os EUA continuam sendo o país que mais compra do Brasil. No ano passado, comprou um total de US$ 24,4 bilhões, 36,4% do total destinado aos desenvolvidos.
Entre os países em desenvolvimento, o maior comprador do Brasil foi a Argentina, que importou, em 2006, US$ 11,7 bilhões, o que representa um crescimento de 400% em relação a 2002. Logo depois vem a China, com US$ 8,4 bilhões, 233,3% a mais do que quatro anos atrás. Em terceiro veio o México, com US$ 4,4 bilhões.
(GUILHERME BARROS)

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