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Lula pressiona BC a ajustar política de juros
Planalto quer que Copom controle rigor da política monetária para que inflação não fique abaixo do centro da meta, como em 2006
Presidente mantém apoio a Meirelles, mas questiona com mais insistência
as decisões do banco e os reflexos no câmbio
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer obter um
compromisso do presidente do
BC, Henrique Meirelles, de que
a diretoria do banco neste ano
vai trabalhar para que a inflação não fique abaixo do centro
da meta, 4,5% ao ano, como
ocorreu em 2006.
Desde que o Copom (Comitê
de Política Monetária) decidiu
reduzir o ritmo de queda da taxa de juros de 0,5 ponto para
0,25 no fim de janeiro, Meirelles já foi chamado duas vezes
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar explicações
sobre a decisão do BC.
A primeira durante a viagem
em que acompanhou o presidente a Davos, na Suíça, e a segunda num jantar no Palácio da
Alvorada, na terça-feira. Nas
duas ocasiões, o presidente do
BC teve que justificar a decisão
do Copom que reduziu os juros
de 13,25% ao ano para 13%.
De acordo com fontes ouvidas pela Folha, Meirelles está
hoje na defensiva, mas continua contando com o apoio do
presidente, apesar dos ataques
de petistas. Lula mantém-se
sensível aos argumentos técnicos apresentados por Meirelles, especialmente quando se
trata de manter a inflação baixa. Na avaliação de Lula, preços
sob controle respondem por
sua avaliação positiva entre o
eleitorado de baixa renda.
Lula, porém, já não quer que
o conservadorismo do BC coloque em risco seu projeto de
"destravar" o crescimento nesse segundo mandato. Ele apóia
a política gradualista do BC,
mas tem questionado com
mais insistência as decisões do
BC e não gostou da última decisão do Copom. Para ele, o corte
poderia ter sido de 0,5 ponto.
Lula cobrou de Meirelles explicações sobre a influência da
decisão do Copom na valorização do real ao longo da semana.
O presidente do BC se defendeu argumentando que a taxa
de câmbio real, descontado o
efeito da inflação, não é diferente hoje do que vigorava em
2000. Portanto, com a economia melhor, é natural que haja
valorização, principalmente
quando o BC dos EUA decide
não elevar os juros e quando os
investidores internacionais estão à procura de aplicações que
rendam mais que o dólar.
A avaliação que vem sendo
feita ao presidente pelos setores do governo que defendem
uma política monetária mais
frouxa é que em 2006 o país
não cresceu o quanto poderia
porque o BC teria errado a mão
e, com isso, a inflação ficou
abaixo do centro da meta de
4,5% ao ano. O IPCA, índice
que serve de parâmetro, terminou 2006 em 3,14%.
Por essa lógica, seria importante que ao longo de 2007 o
BC tivesse o compromisso de
reduzir os juros mais rapidamente caso a inflação dê sinais
de ficar abaixo de 4,5% ao ano.
As projeções do mercado já estão abaixo da meta: 4,07%.
A defesa do BC é que ao longo de 2006 o banco perseguiu o
centro da meta, como sempre
faz. O que aconteceu é que choques positivos de oferta, como
preços agrícolas, acabaram puxando o IPCA para baixo.
O debate travado no governo
ainda não coloca em risco a posição de Meirelles à frente do
BC. Ele tem conseguido defender sozinho as posições do BC
junto ao presidente Lula, mas
tem sido pressionado a promover mudanças na equipe.
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