São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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Indústria cresce 6% com consumo interno

Expansão, puxada pelo aumento da demanda doméstica, confirma previsão de avanço do PIB acima de 5% no ano passado

Desempenho foi o melhor desde os 8,3% de 2004, segundo o IBGE; impacto maior veio dos veículos, setor que cresceu 15,2%

Paulo Fridman - 25.set.07/Bloomberg News
Produção de veículos na GM; setor cresceu mais de 15% no ano


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionada pelo vigor do mercado interno, a produção da indústria cresceu 6% em 2007, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o melhor desempenho desde 2004 (8,3%). O resultado corrobora as expectativas de expansão do PIB superior a 5% em 2007 -entre 5,2% e 5,3%, apontam analistas.
Para o IBGE, a força do consumo interno puxou a indústria em 2007. "O resultado está diretamente ligado ao aumento da demanda doméstica, estimulada pelo maior volume de crédito e melhora do mercado de trabalho [alta da renda e do emprego], que geraram o aumento do consumo", afirmou o economista Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE.
Ele ressaltou que o "crescimento de 2007 veio sobre uma base mais vigorosa" do que em 2004, quando a indústria se recuperou da recessão de 2003 e foi alavancada por exportações.
O crescimento de 2007 também é explicado pela expansão dos investimentos e pelos juros menores, dizem especialistas. Mas o fator mais importante foi o crédito, que ficou mais farto e com prazos maiores.
"A economia mais estável permitiu às empresas ampliarem os prazos de pagamento. O caso clássico foi o financiamento de veículos, cujas prestações passaram de 48 para até 72 meses. O mesmo ocorreu com móveis, eletrodomésticos e equipamentos de informática", disse Paulo Mol, economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Com expansão de 15,2%, o setor de veículos automotores foi o de maior impacto no resultado global da indústria, seguido por máquinas e equipamentos (17,7%) -este reflete a alta dos investimentos. Dos 27 ramos, 21 registraram crescimento.
Em dezembro, porém, a indústria automobilística pisou no freio pelo segundo mês consecutivo, e a produção caiu 6,25%. O resultado foi o que mais contribuiu para a queda de 0,6% da indústria registrada em dezembro na comparação livre de influências sazonais com novembro (-2%). Em relação a dezembro de 2006, a indústria cresceu 6,4%.
Para Joel Bogdanski, economista do Itaú, a desaceleração, menos intensa do que o previsto, não compromete o cenário de aquecimento da indústria e da economia, que devem ter iniciado 2008 com o mesmo dinamismo de 2007. Nem compromete as previsões para o PIB, cuja expansão prevista pelo Itaú é de 5,3% para 2007.
Sales fez a mesma avaliação: "Os indicadores todos sugerem que a indústria está entrando em 2008 num quadro favorável". Apesar da freada, ele diz que a indústria cresceu 8% no quarto trimestre de 2007 diante de igual período de 2006, iniciando o ano "num patamar elevado de produção". Em relação ao terceiro trimestre, a alta foi de 1,9%, a nona consecutiva nessa base de comparação.

Previsões para 2008
Diante desses dados, economistas mantiveram suas previsões para o crescimento do PIB em 2008 -que embutem, contudo, uma desaceleração devido à piora do cenário internacional, da base de comparação mais elevada de 2007 e do provável aumento da taxa de juros. O Itaú projeta crescimento do PIB de 4,5%. O banco Modal estima expansão de 4,7%, mesma taxa prevista pela CNI.
Segundo Tomás Goulart, economista do Modal, o crescimento do último trimestre de 2007 "foi muito expressivo". A tendência, segundo ele, deve se repetir no primeiro semestre deste ano, quando a economia ainda responderá aos cortes de juros feitos no ano passado.
Bogdanski afirma que a incógnita será a reação do Banco Central à alta do nível de atividade num momento de mais inflação. "Os juros podem subir um pouco [o que explica a previsão de PIB menor], mas o crédito continuará crescendo e funcionará como indutor da indústria."


Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online, no Rio


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