São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cai preço da energia negociada a curto prazo

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O preço da energia vendida a curto prazo para grandes consumidores caiu para R$ 124,75 por MWh (megawatt-hora) como conseqüência do aumento nos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, que agora são superiores aos patamares de segurança. Por três semanas em janeiro, o preço ficou acima de R$ 550 por MWh.
O valor a curto prazo afeta consumidores como shoppings e indústrias que não compram toda a energia de que precisam em contratos de longo prazo. Eles negociam o restante da energia necessária pelo preço conhecido como PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), determinado semanalmente e que reflete o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) determina que o preço máximo não pode superar R$ 569,59 por MWh. No mês passado, o valor ficou no teto durante duas semanas, o que paralisou novos contratos de compra de energia.
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o nível dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste estava em 56,3% da capacidade na quinta-feira, acima do nível de segurança, de 55,4%.
Mesmo com a recuperação, o nível dos reservatórios ainda é muito baixo. Em 7 de fevereiro de 2007, ele era de 82,1% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, o nível dos reservatórios foi de 35,2% na quinta-feira, ante 80,1% no mesmo dia do ano anterior.
Patrícia Arce, diretora-executiva da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), lembra que o preço da energia a curto prazo ainda é recorde para o mês de fevereiro. Na terceira semana desse mês em 2007, o preço ficou em R$ 17,59.
Para o consultor David Zylbersztajn, da DZ Energia e ex-diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a queda no preço traz expectativas mais otimistas para este ano. "Embora ainda existam riscos, a percepção é que diminuíram."
No entanto, a diretora da Abrace afirma que o cenário para 2008 é incerto. Ela diz que a oferta está próxima da demanda e que esta é a razão de qualquer variação no volume de chuvas causar grande impacto no preço. "Temos de continuar com chuva acima da média em fevereiro e março. Se só chover em fevereiro, por exemplo, há o risco de o PLD voltar ao teto depois de abril."
Patrícia Arce diz esperar preços maiores no ano todo, pois estima que as hidrelétricas terão de gerar mais energia do que o previsto para a venda em contrato. Com a produção próxima à capacidade máxima, os gastos com água e combustível sobem, assim como o preço.
A coordenadora de projetos na área de energia da Fundação Getulio Vargas, Gorete Paulo, diz que neste ano não deve haver problemas no fornecimento de energia, mas afirma que a médio prazo o suprimento não está garantido. "A principal aposta é de aumento de oferta a partir de importação de Gás Natural Liquefeito. Se isso não ocorrer, a situação é bastante preocupante." Segundo a especialista, a oferta de energia deveria ser expandida com a adoção de fontes complementares à energia hidrelétrica, como a biomassa e a energia eólica.


Texto Anterior: Duas liminares ameaçam atrasar privatização da Cesp
Próximo Texto: Fox receberá peça extra para evitar acidentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.