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Cai preço da energia negociada a curto prazo
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O preço da energia vendida a
curto prazo para grandes consumidores caiu para R$ 124,75
por MWh (megawatt-hora) como conseqüência do aumento
nos níveis dos reservatórios das
hidrelétricas, que agora são superiores aos patamares de segurança. Por três semanas em
janeiro, o preço ficou acima de
R$ 550 por MWh.
O valor a curto prazo afeta
consumidores como shoppings
e indústrias que não compram
toda a energia de que precisam
em contratos de longo prazo.
Eles negociam o restante da
energia necessária pelo preço
conhecido como PLD (Preço de
Liquidação das Diferenças), determinado semanalmente e
que reflete o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) determina
que o preço máximo não pode
superar R$ 569,59 por MWh.
No mês passado, o valor ficou
no teto durante duas semanas,
o que paralisou novos contratos de compra de energia.
Segundo o ONS (Operador
Nacional do Sistema Elétrico),
o nível dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
estava em 56,3% da capacidade
na quinta-feira, acima do nível
de segurança, de 55,4%.
Mesmo com a recuperação, o
nível dos reservatórios ainda é
muito baixo. Em 7 de fevereiro
de 2007, ele era de 82,1% nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, o nível dos reservatórios foi de 35,2% na
quinta-feira, ante 80,1% no
mesmo dia do ano anterior.
Patrícia Arce, diretora-executiva da Abrace (Associação
Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia
e de Consumidores Livres),
lembra que o preço da energia a
curto prazo ainda é recorde para o mês de fevereiro. Na terceira semana desse mês em 2007,
o preço ficou em R$ 17,59.
Para o consultor David
Zylbersztajn, da DZ Energia e
ex-diretor da ANP (Agência
Nacional do Petróleo), a queda
no preço traz expectativas mais
otimistas para este ano. "Embora ainda existam riscos, a
percepção é que diminuíram."
No entanto, a diretora da
Abrace afirma que o cenário
para 2008 é incerto. Ela diz que
a oferta está próxima da demanda e que esta é a razão de
qualquer variação no volume
de chuvas causar grande impacto no preço. "Temos de continuar com chuva acima da média em fevereiro e março. Se só
chover em fevereiro, por exemplo, há o risco de o PLD voltar
ao teto depois de abril."
Patrícia Arce diz esperar preços maiores no ano todo, pois
estima que as hidrelétricas terão de gerar mais energia do
que o previsto para a venda em
contrato. Com a produção próxima à capacidade máxima, os
gastos com água e combustível
sobem, assim como o preço.
A coordenadora de projetos
na área de energia da Fundação
Getulio Vargas, Gorete Paulo,
diz que neste ano não deve haver problemas no fornecimento de energia, mas afirma que a
médio prazo o suprimento não
está garantido. "A principal
aposta é de aumento de oferta a
partir de importação de Gás
Natural Liquefeito. Se isso não
ocorrer, a situação é bastante
preocupante." Segundo a especialista, a oferta de energia deveria ser expandida com a adoção de fontes complementares
à energia hidrelétrica, como a
biomassa e a energia eólica.
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