São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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ENERGIA

Vice-presidente do banco de fomento diz que instituição não pretende destinar recursos para a empresa de energia

BNDES não vai gerir a Light, afirma Fiocca

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não pretende participar da gestão da Light nem prevê a destinação de recursos novos para a companhia. A informação é do vice-presidente do banco, Demian Fiocca. "Ninguém pediu [empréstimo]; não nos comprometemos", disse ele.
A afirmação de Fiocca é uma reação do BNDES às declarações do secretário de Energia do Rio de Janeiro, Wagner Victer. No último domingo, em entrevista publicada pela Folha, o secretário afirmou que o banco de fomento havia se comprometido a injetar recursos na Light em proporção igual ou maior do que os grupos privados interessados em comprar a companhia.
Por esse raciocínio, o BNDES permaneceria no bloco de controle da concessionária de energia. Segundo Fiocca, em nenhum momento o BNDES participou de negociações sobre o modelo de venda da Light com o governo do Rio.
"Também não tivemos nenhuma informação por parte da EDF de que ela quisesse que o governo do Rio tenha assento no conselho administrativo da Light", disse ele, referindo-se à empresa francesa que controla a Light.

Conversão de dívida
Fiocca explicou que, por contrato, o BNDES está obrigado a converter até R$ 363,5 milhões em debêntures emitidas em 2005 para capitalizar a Light. O valor que efetivamente será convertido ainda é uma incógnita.
"Dependerá de quanto o acionista puser de dinheiro novo, em um primeiro momento. E, em cada ano, do quanto ele reduzir as perdas da companhia", avaliou o vice-presidente do BNDES.
Esses R$ 363,5 milhões correspondem à metade das debêntures lançadas em 2005 e significam algo entre 15% e 18% do capital total da Light, de acordo com Fiocca. A emissão total feita à época chegou a R$ 727 milhões.
O vice-presidente do BNDES defendeu a capitalização do banco. Negou que o governo tenha, na prática, beneficiado os controladores privados da Light ao fazer a capitalização.
"O BNDES, para emitir as debêntures, exigiu que a parte dos outros credores e dos acionistas, em volume, fosse maior que a do banco. E, na defesa do interesse público, o BNDES exigiu que a Light quitasse dívidas com outras empresas do governo", lembrou. "E, com a valorização das ações da Light, o BNDES vai ganhar. Na época da operação, os papéis valiam R$ 11,13. Hoje, valem R$ 15."
As ações ON da Light fecharam o pregão de ontem com baixa acentuada, de 5,14%. Desde 21 de fevereiro, porém, os papéis tiveram valorização em 21,85%, média alta em relação aos ganhos do Ibovespa no período.
Especialistas do setor de telecomunicações consideraram que a retração no valor das ações da Light teve dois motivos. O primeiro foi a impressão do mercado de que a negociação da EDF com os potenciais compradores, inclusive o BNDES, ficou mais complicada nesta semana.
Isso teria levado à percepção de que a empresa pode ser vendida por um valor abaixo das estimativas com a qual os analistas trabalhavam até a última sexta-feira, o que reduziria os ganhos de quem esperava lucrar com a cláusula contratual que estende os ganhos dos controladores aos demais sócios.
A segunda hipótese levantada pelos especialistas é a de que os apostadores da Bolsa de Valores -principalmente os grandes investidores institucionais- entraram vendendo e realizaram algum lucro até o meio do dia.


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