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ACORDO COM FMI
Governo é autorizado a utilizar US$ 8 bilhões do empréstimo externo até junho para conter a alta do dólar
BC usará crédito para intervir no câmbio
VIVALDO DE SOUSA
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
O Banco Central poderá usar,
até junho, US$ 8
bilhões do empréstimo de US$
41,5 bilhões negociado com o
FMI (Fundo
Monetário Internacional) para intervir no mercado de câmbio. Só
em março, US$ 3 bilhões poderão
ser utilizados.
A possibilidade de utilização
desses recursos foi anunciada pelo
ministro Pedro Malan (Fazenda),
que divulgou ontem a revisão do
acordo com o FMI.
Malan disse que a direção do
Fundo vai examinar a revisão do
acordo no próximo dia 30. A liberação da segunda parcela do empréstimo -de US$ 9,3 bilhões-
será feita somente depois que as
novas metas forem aprovadas pela
direção do FMI. A primeira parcela, também de US$ 9,3 bilhões, foi
liberada em dezembro último.
A intervenção no câmbio, porém, não se limitará ao uso de parte do empréstimo externo. O BC
também poderá vender dólares de
suas reservas internacionais ou
captados no exterior.
Do dinheiro do Fundo, além dos
US$ 3 bilhões em março, o BC poderá usar US$ 2 bilhões em abril,
US$ 1,5 bilhão em maio e mais US$
1,5 bilhão em junho. O BC só poderá usar semanalmente 30% do limite mensal de recursos do empréstimo externo.
Se não utilizar o limite previsto
para um determinado mês, o BC
poderá usar no mês seguinte a diferença ou 25% do valor previsto
para o mês corrente -valerá o que
for menor.
Se usar neste mês US$ 2 bilhões,
por exemplo, o limite de abril aumentará para US$ 2,5 bilhões
-US$ 2 bilhões mais 25%. Em
maio, quando for feita uma nova
revisão do acordo com o FMI, o
governo deverá definir com o Fundo se mais dinheiro do acordo será
utilizado no mercado de câmbio a
partir de julho.
O presidente do BC, Armínio
Fraga, afirmou que a instituição
não terá compromisso com uma
taxa de câmbio qualquer. Segundo
ele, o uso do dinheiro externo será
feito para "irrigar" de dólares o
mercado financeiro.
Na primeira versão do acordo,
havia um limite de US$ 20 bilhões
para as chamadas reservas líquidas
do BC -as reservas totais menos o
dinheiro emprestado pelo Fundo.
Isso restringia as possibilidades de
intervenção no mercado, uma vez
que as reservas líquidas hoje somam pouco mais de US$ 25 bilhões. Ou seja, o BC só poderia
usar US$ 5 bilhões dos seus próprios recursos no mercado de
câmbio.
Agora, afirmou Fraga, as reservas poderão ficar abaixo do limite
anterior de US$ 20 bilhões, a partir
do critério do BC.
As projeções do governo indicam que as reservas internacionais
do Brasil devem fechar este ano
com saldo de US$ 24,726 bilhões,
excluindo dessa soma o valor do
empréstimo negociado com o
FMI. Essa queda já leva em conta a
possibilidade de intervenção do
BC no mercado de câmbio usando
recursos que não os emprestados
pelo Fundo.
Fraga disse que o BC continuará
intervindo no mercado de câmbio,
ainda que a política seja de livre
flutuação das cotações. Como em
outros países que usam o câmbio
flutuante, o BC venderá dólares
quando considerar que há excessos e dentro de limites que não serão públicos.
No resumo do memorando de
política econômica negociado com
o Fundo, o governo informa que
"o BC deixará de intervir no mercado cambial de futuros a partir de
março de 1999". Em janeiro, o BC
teve perdas estimadas em R$ 8 bilhões vendendo dólares no mercado futuro por meio do BB.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Amaury Bier, disse que as exportações devem ficar em US$ 56,5 bilhões neste ano, o que representará
um aumento de 10,52% em relação
as vendas externas de 1998.
No caso das importações, a queda será de 20,93%. As compras cairão de US$ 57,55 bilhões para US$
45,5 bilhões.
Graças principalmente à queda
das importações, o governo projeta um superávit de US$ 11 bilhões
no saldo da balança comercial deste ano -revertendo o déficit de
US$ 6,4 bilhões em 98. O governo
estima ainda que o déficit das contas externas neste ano deverá ser
de 3,5% do PIB (Produto Interno
Bruto), contra 4,48% em 98.
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