São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Presidente do Banco Mundial pede mais tempo para apresentar defesa

Wolfowitz quer cinco dias antes de falar a comitê da entidade, diz advogado

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Paul Wolfowitz tenta ganhar fôlego. Em declaração divulgada ontem por seu advogado, o presidente do Banco Mundial pede mais tempo para apresentar sua defesa ao comitê de diretores executivos, que o considerou culpado de quebrar as regras de conduta ética da instituição e teria dado 48 horas, a começar de ontem, para que ele se defenda das acusações.
Ex-número 2 do Pentágono e um dos arquitetos da Guerra do Iraque, o norte-americano manobrou para que sua namorada, Shaha Riza, também funcionária do banco, fosse promovida e recebesse aumento salarial em 2005, mesmo ano em que Wolfowitz assumiu a presidência da entidade multilateral, por indicação de George W. Bush.
Segundo seu advogado, Robert Bennett, até membros menos graduados do Bird têm cinco dias para apresentar sua defesa. O prazo "é terrivelmente injusto", disse ele. O fato é que diminui o frágil apoio de que dispõe Wolfowitz.
Durante entrevista coletiva pela manhã, o porta-voz da Casa Branca disse que Bush "ainda apóia" Wolfowitz. A declaração de Tony Snow é menos enfática que a dada pelo governo logo que estourou a denúncia, há algumas semanas. "Há negociações que estão sendo conduzidas no Banco Mundial, e o presidente [Bush] não está se envolvendo pessoalmente nelas, pelo que eu saiba", desconversou ontem o porta-voz, quando questionado sobre o assunto por jornalistas.
Uma das negociações, segundo o "New York Times" na edição de ontem, seria entre a Europa e o governo norte-americano, os dois maiores acionistas do banco. Por tradição, desde a criação do Bird e de sua entidade-irmã, o FMI (Fundo Monetário Internacional), após a Segunda Guerra, a presidência do primeiro vai para um norte-americano, e a do segundo, para um europeu.
De acordo com o diário, os europeus aceitariam continuar a prática desde que Wolfowitz renunciasse "logo". Caso contrário, tornariam insustentável sua permanência e não aprovariam a próxima indicação de Bush, o que criaria um incidente diplomático sem antecedentes, que a Casa Branca não parece disposta a pagar para ver.
Na segunda-feira, Kevin Kellems, um dos assessores mais próximos de Wolfowitz, ex-funcionário do Pentágono e ex-porta-voz do vice-presidente Dick Cheney, anunciou sua demissão, justificando-a com a impossibilidade de realizar seu trabalho na situação atual por que passa o banco.


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