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"EXUBERÂNCIA IRRACIONAL"
Rede de supermercados oferece "luvas" para atrair empregados; taxa de desemprego é de 4,3% da PEA
Empresas disputam trabalhadores nos EUA
de Washington
A rede de supermercados King
Soopers, baseada em Denver, no
Estado do Colorado, tem utilizado
uma estratégia interessante para
atrair farmacêuticos para seus balcões de venda de remédios.
A exemplo das ofertas feitas a jogadores de basquete e a executivos
de grandes empresas, a diretoria
do grupo oferece "luvas" de US$
3.000 para quem aceitar um salário
mensal de US$ 2.500.
A King Soopers não é a única. Em
todo o país, garçons, faxineiros e
telefonistas começaram a receber
ofertas de "luvas" ou bônus para
trocar de emprego ou indicar parentes e amigos para novos postos
de trabalho.
O motivo para a novidade não é
uma maior generosidade dos patrões, mas sim a absoluta falta de
empregados no mercado de trabalho norte americano.
Em março passado, o índice de
desempregados chegou a 4,2% da
PEA (População Economicamente
Ativa), o menor em 29 anos. Em
abril, esse índice ficou estável, aumentando levemente para 4,3%.
Para uma economia versátil como a norte-americana, um desemprego tão baixo pode significar
duas coisas. A primeira: se encontrou a solução para a pobreza e a
miséria no país, como sugere o governo do democrata Bill Clinton. A
segunda: as indústrias americanas
não podem receber mais encomendas pelo inusitado fato de não
ter trabalhadores para cumpri-las,
o que seria um desastre.
À primeira vista, a escassez de
mão-de-obra é uma boa notícia.
Afinal de contas, com menos empregados, os patrões ficam tentados a pagar salários melhores.
No entanto salários melhores
significam consumo maior. Consumo maior exige uma produção
maior. Sem contratar novos empregados, as indústrias não aumentam a produção. Resultado:
inflação.
Uma saída para essa armadilha é
aumentar os índices de produtividade na economia, fazendo com
que a produção aumente sem que
seja preciso contratar novos trabalhadores. Esse índice é medido pela produção dividida pelo número
de trabalhadores. Ou seja, o volume que se produz por trabalhador.
No último ano, a produtividade
dos EUA aumentou 3%, um índice
que não vinha sendo observado
nos primeiros anos da expansão.
No entanto não se sabe por
quanto mais tempo o país vai conseguir aumentar seus índices de
produtividade e, portanto, ainda
depende de mão-de-obra.
Uma outra saída seria reduzir o
crescimento da economia, diminuindo o consumo. Mas essa saída
é arriscada, já que não se pode promover uma redução "controlada"
no ritmo de crescimento. Um pequeno desaquecimento pode assustar os consumidores e investidores, provocando uma recessão
cujos limites ninguém conhece.
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