São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Até bancos devem ter lucros mais modestos

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem ameaça da oposição, nem confrontos entre o Banco Central e investidores. A causa da grande magnitude das oscilações sofridas na última semana por vários indicadores, como a taxa de câmbio e o risco-país, é, na verdade, a fragilidade de fundamentos econômicos do Brasil. Esta é a opinião de Richard Fox, diretor da agência de classificação de risco, Fitch IBCA, em Londres.
"Os fundamentos econômicos no Brasil são muito fracos e o país ainda é muito dependente de financiamento externo", disse Fox em entrevista à Folha.
Segundo Fox, a incerteza do cenário eleitoral certamente pode ter detonado a recente crise no mercado financeiro. Mas, para o diretor da Fitch, essa crise não seria tão intensa não fosse, por exemplo, o alto custo e o horizonte curto do endividamento do governo federal. Qualquer dúvida em relação à capacidade de pagamento do país tende a afetar muito a taxa de câmbio, já que os investidores tendem a fugir para ativos mais seguros, como o dólar.
"Isso se traduz muito rapidamente em perigo de inflação maior, os juros têm de ser mantidos altos e isso acaba prejudicando o crescimento", disse Fox.
De acordo com o diretor da Fitch, o Brasil tem sido, com frequência, vítima desse círculo vicioso e o atual governo não se mostrou capaz de fazer as mudanças necessários para superar esse problema.
"Sem dúvida, o Brasil já evoluiu muito, mas ainda mostra uma fragilidade fiscal muito grande".
A saída para o país, segundo Fox, é um maior aperto fiscal. Só isso abriria caminho para redução da dívida pública.
No entanto, Fox admite que, no atual cenário de tensões no mercado por conta das eleições, dificilmente o país conseguirá fazer qualquer avanço na área fiscal:
"Mas este é um problema que qualquer um que seja o próximo presidente terá de enfrentar".
Um dos custos disso que o país terá de suportar no curto prazo é a restrição de financiamento externo. Segundo Fox, isso deverá atingir principalmente as empresas brasileiras que têm uma enorme dependência de crédito externo.


Texto Anterior: Até bancos devem ter lucros mais modestos
Próximo Texto: Artigo: Calotes globais contagiam Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.