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RETOMADA?
Presidente diz a empresários que Brasil não pode ser "cemitério de obras"
Para Lula, país precisa de "investimento sustentável"
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante de uma platéia de 400
empresários, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou que o
país precisa não apenas de crescimento sustentável, mas de "investimento sustentável" para não virar um "cemitério de obras", como, segundo ele, costumava
ocorrer no passado.
Lula repetiu que o governo continuará criando regras para dar
garantias aos investidores. Sem
estabilidade, disse Lula, o Brasil
crescerá de forma inconstante.
"Estamos juntos nessa empreitada histórica para que o Brasil não
fique como um marca-passo, ou
seja, cresce num ano, diminui no
outro; investe num ano e não investe no outro. Precisamos não só
de crescimento sustentável mas
de investimento sustentável."
Lula discursou no encerramento do seminário promovido pela
Abdib (Associação Brasileira de
Infra-estrutura e Indústria de Base), em Brasília. Antes de falar,
Lula ouviu críticas do presidente
da instituição, José Augusto Marques. O empresário cobrou regras
claras para que os empresários
sintam-se seguros a investir em
infra-estrutura.
Sem dinheiro, o governo depende de recursos da iniciativa privada para investir em portos, rodovias e ferrovias. Esses investimentos só serão possíveis depois da
aprovação do chamado PPP (Projeto de Parceria Público-Privada),
que ainda tramita no Congresso.
O Estado brasileiro perdeu sua
capacidade de investimento, como já admitiu Lula mais de uma
vez. Sem os recursos da iniciativa
privada, não terá condições de investir em infra-estrutura. "O Brasil não pode esperar. Se nosso
mercado externo continuar a
crescer, não teremos como exportar tudo o que produzimos porque precisamos investir em portos, ferrovias, rodovias."
"O que vocês desejam é o que
nós desejamos: vocês querem regras claras, nós também, porque
este país durante alguns anos foi
visto pela opinião pública como
um país que privilegiava os cemitérios de obras que começavam e
nunca terminavam."
Segundo Lula, quem viaja pelo
Brasil "cansou" de ver estradas e
ferrovias inacabadas "numa total
irresponsabilidade". "O governo
fingia que pagava, vocês fingiam
que faziam, todo mundo enganava todo mundo, e as coisas não
aconteciam. Por isso as regras têm
que ser claras", disse Lula.
Críticas
Ao longo do seminário, que durou todo o dia, os empresários já
haviam aproveitado a presença
dos principais ministros da equipe econômica para fazer críticas
públicas ao governo.
No painel sobre estabilidade
macroeconômica e parceria para
o crescimento, que contou com as
presenças dos ministros Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e Guido
Mantega (Planejamento), as críticas foram mais duras.
José Luiz Alquéres, vice-presidente da Abdib e presidente da
Alston (fabricante de turbinas),
disse que há um ano e meio não
recebia uma encomenda para o
mercado interno. "Talvez eu destoe do tom comportado, vou demonstrar um pouco da indignação do setor", disse. "O governo
tem que gerir melhor e tem que
gastar melhor".
Na sua vez de falar, Mantega rebateu. "Talvez a indignação seja
de muitos anos atrás", disse. Alquéres interrompeu: "A indignação é histórica, mas queremos rapidez para resolver". "A rapidez
está sendo a maior possível", retrucou Mantega.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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