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Onda de alta nos juros afeta Bolsas pelo mundo
Bovespa chega a cair 2,5%,
mas se recupera e sobe 0,5%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma onda de elevação de taxas de juros ontem, que atingiu
Europa e Ásia, mexeu com o
mercado financeiro internacional. As Bolsas de Valores foram
as que mais sofreram, ao registrar perdas em diferentes cantos do planeta.
A Bovespa, que chegou a cair
2,56%, conseguiu se recuperar
no fim do dia e fechou com alta
de 0,49%. Já o risco-país brasileiro subiu 3%, a 270 pontos.
O mercado iniciou seus negócios de ontem digerindo mal a
notícia de que os bancos centrais europeu, sul-coreano e indiano aumentaram seus juros
básicos.
Para o mercado acionário,
em geral, taxas maiores tendem
a ser algo negativo, pois estimulam os investidores a vender
ações para comprar títulos que
pagam juros.
Os analistas esperam que o
Federal Reserve (o banco central dos EUA) seja o próximo a
decidir por juros maiores, em
sua reunião no fim do mês.
Em Tóquio, a principal Bolsa
asiática registrou perdas de
3,07%. A Bolsa londrina teve
queda 2,51%, e a de Frankfurt
perdeu 2,90%.
Nos Estados Unidos, apesar
de o índice de desemprego ter
atingido seu maior nível em oito meses, o que seria um sinal
de desaquecimento da economia e poderia levar o Fed a encerrar seu ciclo de alta nos juros, a Nasdaq caiu 0,30%, e o
Dow Jones, depois de marcar
baixa de 1,5% no pior momento
de seu pregão, fechou com pequena alta de 0,07%.
Na América Latina, quem
mais sofreu foi a Bolsa colombiana, que desabou 9,47%.
Com o cenário internacional
mais adverso, marcado pelas
dúvidas em relação ao futuro da
economia norte-americana e a
preocupação com a alta dos
preços das commodities, o aumento dos juros tem começado
a ser uma resposta encontrada
por diferentes países.
Na quarta-feira, o BC da Turquia já decidira elevar seus juros, o que não acontecia havia
cerca de cinco anos. O governo
turco demonstrou estar preocupado com a evolução da inflação no país.
Uma política monetária mais
restritiva nas principais economias do mundo pode afetar o
crescimento global, o que acaba
por prejudicar o Brasil.
Juros
Diante do atual cenário, analistas e investidores começam a
apostar mais firmemente na
possibilidade de o Banco Central brasileiro fazer uma parada
técnica -ou seja, interromper
o processo de redução da taxa
básica de juros.
Ontem, o BC divulgou a ata
do último encontro do Copom
(Comitê de Política Monetária), quando a taxa Selic foi reduzida de 15,75% para 15,25%.
Na ata, a autoridade monetária
demonstrou estar atenta e
preocupada com a turbulência
no mercado internacional.
Segundo análise do economista Alex Agostini, da Austin
Rating, há chances de a taxa Selic ainda ser reduzida em 0,25
ponto percentual no encontro
do Copom do próximo mês.
"Após a reunião de julho,
nossa expectativa é que a taxa
básica permaneça inalterada,
ao menos até o fim do pleito
eleitoral deste ano, com o colegiado promovendo a conhecida
parada técnica", diz.
Os juros futuros tiveram um
dia de muito sobe-e-desce. No
fim do pregão da BM&F (Bolsa
de Mercadorias & Futuros), as
taxas mais curtas marcavam
pequena baixa -muito por causa do resultado favorável do IPCA em maio. Já no contrato
mais negociado, que vence em
janeiro de 2008, a taxa foi de
15,77% a 15,80%.
O número de contratos DI
(Depósito Interfinanceiro, que
mostra as projeções para os juros) negociados ontem foi 44%
superior ao pregão de quarta,
ficando em 778 mil papéis.
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