São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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Onda de alta nos juros afeta Bolsas pelo mundo

Bovespa chega a cair 2,5%, mas se recupera e sobe 0,5%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma onda de elevação de taxas de juros ontem, que atingiu Europa e Ásia, mexeu com o mercado financeiro internacional. As Bolsas de Valores foram as que mais sofreram, ao registrar perdas em diferentes cantos do planeta.
A Bovespa, que chegou a cair 2,56%, conseguiu se recuperar no fim do dia e fechou com alta de 0,49%. Já o risco-país brasileiro subiu 3%, a 270 pontos.
O mercado iniciou seus negócios de ontem digerindo mal a notícia de que os bancos centrais europeu, sul-coreano e indiano aumentaram seus juros básicos.
Para o mercado acionário, em geral, taxas maiores tendem a ser algo negativo, pois estimulam os investidores a vender ações para comprar títulos que pagam juros.
Os analistas esperam que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) seja o próximo a decidir por juros maiores, em sua reunião no fim do mês.
Em Tóquio, a principal Bolsa asiática registrou perdas de 3,07%. A Bolsa londrina teve queda 2,51%, e a de Frankfurt perdeu 2,90%.
Nos Estados Unidos, apesar de o índice de desemprego ter atingido seu maior nível em oito meses, o que seria um sinal de desaquecimento da economia e poderia levar o Fed a encerrar seu ciclo de alta nos juros, a Nasdaq caiu 0,30%, e o Dow Jones, depois de marcar baixa de 1,5% no pior momento de seu pregão, fechou com pequena alta de 0,07%.
Na América Latina, quem mais sofreu foi a Bolsa colombiana, que desabou 9,47%.
Com o cenário internacional mais adverso, marcado pelas dúvidas em relação ao futuro da economia norte-americana e a preocupação com a alta dos preços das commodities, o aumento dos juros tem começado a ser uma resposta encontrada por diferentes países.
Na quarta-feira, o BC da Turquia já decidira elevar seus juros, o que não acontecia havia cerca de cinco anos. O governo turco demonstrou estar preocupado com a evolução da inflação no país.
Uma política monetária mais restritiva nas principais economias do mundo pode afetar o crescimento global, o que acaba por prejudicar o Brasil.

Juros
Diante do atual cenário, analistas e investidores começam a apostar mais firmemente na possibilidade de o Banco Central brasileiro fazer uma parada técnica -ou seja, interromper o processo de redução da taxa básica de juros.
Ontem, o BC divulgou a ata do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), quando a taxa Selic foi reduzida de 15,75% para 15,25%. Na ata, a autoridade monetária demonstrou estar atenta e preocupada com a turbulência no mercado internacional.
Segundo análise do economista Alex Agostini, da Austin Rating, há chances de a taxa Selic ainda ser reduzida em 0,25 ponto percentual no encontro do Copom do próximo mês.
"Após a reunião de julho, nossa expectativa é que a taxa básica permaneça inalterada, ao menos até o fim do pleito eleitoral deste ano, com o colegiado promovendo a conhecida parada técnica", diz.
Os juros futuros tiveram um dia de muito sobe-e-desce. No fim do pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas mais curtas marcavam pequena baixa -muito por causa do resultado favorável do IPCA em maio. Já no contrato mais negociado, que vence em janeiro de 2008, a taxa foi de 15,77% a 15,80%.
O número de contratos DI (Depósito Interfinanceiro, que mostra as projeções para os juros) negociados ontem foi 44% superior ao pregão de quarta, ficando em 778 mil papéis.


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