São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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IBGE descarta risco de inflação superar o centro da meta

Sem pressões à vista, IPCA deve encerrar 2006 abaixo de 4,5%; índice avança 0,10% em maio e acumula alta de 1,75% no ano

Para economista da PUC-RJ, mesmo que o dólar passe de R$ 2,40 e o preço do petróleo continue em alta, alvo do BC deve ser atingido


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Com alta de 0,10% em maio, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses ficou em 4,23%, abaixo do centro da meta do governo para este ano, de 4,5%. É também a menor marca desde junho de 1999. Nos cinco primeiros meses do ano, a inflação foi de 1,75%, a mais baixa desde 2000.
A taxa de maio é a menor desde junho de 2005. Em abril, o índice havia sido de 0,21%. A queda de um mês para o outro ocorreu especialmente em razão da redução dos preços do álcool combustível, que depois do início da safra de cana caíram 11,06% em maio, também sob impacto da redução do consumo. Sozinho, o produto, que ainda acumula alta de 13,35% no ano, contribuiu com uma queda de 0,16 ponto percentual para o IPCA de maio.
Para Eulina Nunes dos Santos, chefe da Coordenação de Índices de Preços do IBGE, não há pressões visíveis para a inflação deste ano e tarifas públicas devem jogar o índice para baixo com reajustes menores em 2006 do que em 2005, já que os indexadores tiveram variações menos intensas.
"Não existem pressões à vista. Pelo contrário, deve haver ainda um resíduo da queda do álcool em junho, já que foi o primeiro mês de redução do preço do combustível."
Em outras palavras, não há risco de o Banco Central não atingir neste ano o centro da meta oficial de inflação, que prevê um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"Mesmo que o câmbio fique acima de R$ 2,40 e o petróleo continue a subir e determine reajuste dos combustíveis neste ano, que deve ocorrer só depois das eleições, dificilmente o IPCA ficará acima de 4,5%. Os resultados têm sido muito bons principalmente por causa dos alimentos e deixam claro que não há risco", diz o economista Luiz Roberto Cunha (PUC-RJ).

Juros
Nem a volatilidade externa -detonada pelo risco de altas ainda maiores dos juros nos dos EUA e conseqüente fuga de capitais de países emergentes- irá atrapalhar a trajetória de queda dos juros, avalia Cunha. "Haverá uma continuidade de queda dos juros desde que, claro, a situação externa não se deteriore ainda mais, o que o BC acredita que não ocorrerá."
A turbulência externa, no entanto, impede uma redução mais forte da taxa básica de juros, que deve continuar caindo num ritmo de 0,5 ponto percentual a cada reunião do Copom -a Selic está hoje em 15,25% ao ano.
Preços baixos de alimentos, em parte por causa do câmbio e também em razão do clima mais favorável, asseguram neste ano, diz Cunha, um cenário de inflação baixa e sob controle que deve perdurar.
Em maio, porém, a deflação dos alimentos foi menor, apesar de vários produtos terem caído, como os "in natura". A queda do grupo alimentação e bebidas, que havia sido de 0,27% em abril, baixou para 0,03% em maio.
O motivo foi o aumento dos preços do frango (8,42%), depois de meses seguidos em queda graças ao menor consumo mundial por conta da gripe aviária. De carona, a carne também subiu -1,17% em maio, depois de registrar retração de 1,33% em abril.
Ainda assim, a desaceleração dos preços dos remédios, energia elétrica e taxa de condomínio asseguraram o recuo do IPCA em maio.


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