|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IBGE descarta risco de inflação superar o centro da meta
Sem pressões à vista, IPCA deve encerrar 2006 abaixo de 4,5%; índice avança 0,10% em maio e acumula alta de 1,75% no ano
Para economista da PUC-RJ,
mesmo que o dólar passe de
R$ 2,40 e o preço do petróleo
continue em alta, alvo
do BC deve ser atingido
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com alta de 0,10% em maio,
o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses ficou em
4,23%, abaixo do centro da meta do governo para este ano, de
4,5%. É também a menor marca desde junho de 1999. Nos
cinco primeiros meses do ano,
a inflação foi de 1,75%, a mais
baixa desde 2000.
A taxa de maio é a menor desde junho de 2005. Em abril, o
índice havia sido de 0,21%. A
queda de um mês para o outro
ocorreu especialmente em razão da redução dos preços do
álcool combustível, que depois
do início da safra de cana caíram 11,06% em maio, também
sob impacto da redução do consumo. Sozinho, o produto, que
ainda acumula alta de 13,35%
no ano, contribuiu com uma
queda de 0,16 ponto percentual
para o IPCA de maio.
Para Eulina Nunes dos Santos, chefe da Coordenação de
Índices de Preços do IBGE, não
há pressões visíveis para a inflação deste ano e tarifas públicas devem jogar o índice para
baixo com reajustes menores
em 2006 do que em 2005, já
que os indexadores tiveram variações menos intensas.
"Não existem pressões à vista. Pelo contrário, deve haver
ainda um resíduo da queda do
álcool em junho, já que foi o primeiro mês de redução do preço
do combustível."
Em outras palavras, não há
risco de o Banco Central não
atingir neste ano o centro da
meta oficial de inflação, que
prevê um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais
para cima ou para baixo.
"Mesmo que o câmbio fique
acima de R$ 2,40 e o petróleo
continue a subir e determine
reajuste dos combustíveis neste ano, que deve ocorrer só depois das eleições, dificilmente o
IPCA ficará acima de 4,5%. Os
resultados têm sido muito bons
principalmente por causa dos
alimentos e deixam claro que
não há risco", diz o economista
Luiz Roberto Cunha (PUC-RJ).
Juros
Nem a volatilidade externa
-detonada pelo risco de altas
ainda maiores dos juros nos dos
EUA e conseqüente fuga de capitais de países emergentes-
irá atrapalhar a trajetória de
queda dos juros, avalia Cunha.
"Haverá uma continuidade de
queda dos juros desde que, claro, a situação externa não se deteriore ainda mais, o que o BC
acredita que não ocorrerá."
A turbulência externa, no entanto, impede uma redução
mais forte da taxa básica de juros, que deve continuar caindo
num ritmo de 0,5 ponto percentual a cada reunião do Copom -a Selic está hoje em
15,25% ao ano.
Preços baixos de alimentos,
em parte por causa do câmbio e
também em razão do clima
mais favorável, asseguram neste ano, diz Cunha, um cenário
de inflação baixa e sob controle
que deve perdurar.
Em maio, porém, a deflação
dos alimentos foi menor, apesar de vários produtos terem
caído, como os "in natura". A
queda do grupo alimentação e
bebidas, que havia sido de
0,27% em abril, baixou para
0,03% em maio.
O motivo foi o aumento dos
preços do frango (8,42%), depois de meses seguidos em queda graças ao menor consumo
mundial por conta da gripe
aviária. De carona, a carne também subiu -1,17% em maio, depois de registrar retração de
1,33% em abril.
Ainda assim, a desaceleração
dos preços dos remédios, energia elétrica e taxa de condomínio asseguraram o recuo do IPCA em maio.
Texto Anterior: Para analistas, câmbio deverá balizar decisão Próximo Texto: Clubes de futebol faturam mais em 2005 Índice
|