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PÚBLICO E PRIVADO
Agência que regula setor de eletricidade multa Escelsa por falha de quando Francisco Gomide presidia empresa
Aneel multa empresa que ministro presidia
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aneel multou em R$ 816 mil a
Escelsa (Espírito Santo Centrais
Elétricas S.A.), distribuidora que
vende energia para 922 mil clientes no Espírito Santo. A infração
foi cometida no ano passado,
quando a empresa era presidida
por Francisco Gomide, atual ministro de Minas e Energia. O ministro não quis comentar a decisão da Aneel.
De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica),
a Escelsa cometeu falhas em três
projetos. Um deles fazia parte do
plano do governo para evitar o racionamento -distribuição de
lâmpadas econômicas para a população de baixa renda. Das 10
mil lâmpadas que deveria distribuir, a Escelsa só distribuiu 5.948.
O plano do governo para evitar
o racionamento, com 33 medidas,
foi elaborado pela Aneel, lançado
em abril do ano passado no Ministério de Minas e Energia. Chamado de Recao (Plano de Redução do Consumo e Aumento da
Oferta de Energia Elétrica), o plano falhou, e o racionamento foi
decretado em junho.
Na época, a Aneel informou que
5,6 milhões de lâmpadas seriam
distribuídas, o que deveria resultar numa economia anual de 672
milhões de kWh, energia suficiente para atender o consumo mensal de uma cidade de 380 mil habitantes. As empresas deveriam
gastar R$ 140 milhões na troca de
lâmpadas.
As outras falhas da Escelsa foram não ter cumprido um programa de instalação de medidores
em residências para implantação
do sistema de tarifa amarela (tarifa mais cara na hora de maior
consumo) e alterações em um
projeto de economia de energia
na Vale e no porto de Tubarão.
A Escelsa já tentou recorrer da
decisão, mas, na sexta-feira, a diretoria da Aneel negou o recurso e
ratificou a multa. A Escelsa informa que vai recorrer ao Conselho
Diretor da Aneel -última instância administrativa do órgão. Se a
multa for novamente confirmada,
a empresa estudará se é o caso de
brigar na Justiça.
De acordo com a assessoria da
empresa, houve um "problema
burocrático" e de "falta de informação". A assessoria disse ainda
que a empresa não considera os
problemas como "falta grave".
Segundo a Folha apurou, quando recorreu da multa na Aneel, a
empresa declarou que o racionamento de energia tinha impedido
a compra de todas as lâmpadas,
que teriam subido de preço durante o programa, por causa da alta procura.
A Aneel não aplicou a multa
máxima na Escelsa. Pelo tipo de
infração cometida, a empresa poderia ter sido multada em até 1%
do faturamento anual -o que
daria aproximadamente R$ 7 milhões. A agência considerou que
os programas foram parcialmente cumpridos e que, por isso, não
era necessário aplicar a multa máxima.
As distribuidoras são obrigadas a aplicar 0,5% de sua receita operacional bruta em programas que tenham como objetivo fazer com que os consumidores gastem menos. Para aplicar os recursos, no entanto, as empresas precisam enviar os projetos para a Aneel, que os aprova ou não e fiscaliza o cumprimento do que foi aprovado. Modificações nos projetos tem que ser feitas com aprovação da Aneel.
Em abril do ano passado, por causa do plano para evitar o racionamento, a agência alterou os critérios de aplicação desses recursos. Todo o dinheiro deveria ser gasto na doação de lâmpadas econômicas.
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