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Queda na tarifa de energia freia inflação
Redução na conta de luz provoca deflação de 0,18% em SP, e IPCA recua de 0,28% em junho para 0,24% em julho
Pressionados por leite e derivados, alimentos sobem 1,27% e mantêm pressão no índice geral; em 12 meses, alta do IPCA chega a 3,74%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) ficou em
0,24% em julho, abaixo dos
0,28% de junho. O recuo ocorreu exclusivamente por causa
da deflação de 0,18% registrada
na região metropolitana de São
Paulo, provocada pela queda da
energia elétrica (9,12%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Não fosse esse efeito, o índice
teria avançado na esteira do aumento dos alimentos, que subiram 1,27% em julho, a mais alta
taxa para esse mês desde 2000
(1,78%). Sozinhos, os alimentos
contribuíram com 0,27 ponto
percentual do IPCA. O que
compensou foi o impacto negativo da energia (-0,11 ponto).
Pressionados especialmente
por leite e derivados, os alimentos acumulam alta de 5,26% em
2007. É mais do que a variação
de 1,22% de todo o ano de 2006.
Em julho, o subgrupo leite e
derivados subiu 11,31%. No ano,
a alta é de 28,49%. Somente o
leite pasteurizado subiu 15,77%
em julho -no ano, 44,64%.
Eulina Nunes dos Santos,
coordenadora de Índices de
Preço do IBGE, disse que a
crescente demanda internacional por leite -na China, o consumo cresce 25% ao ano- e a
entressafra fizeram o produto
subir com força. "Não há nada
que indique a redução nos preços do leite", disse ela, citando
esses dois fatores.
Para o economista Alexandre
Sant'Anna, da ARX Capital, o
aumento dos alimentos é pontual e resulta de "um choque de
oferta" do leite, sem risco de
um possível aperto da política
monetária. "A inflação se mantém num patamar baixo, se
olharmos para os núcleos que
expurgam a alimentação. A
nossa visão não muda: o BC
continuará a cortar os juros."
Já Carlos Thadeu de Freitas,
economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, avalia que os
alimentos tendem a ficar pressionados nos próximos meses.
Os motivos são tanto o aumento do leite (provocado pelo
maior consumo mundial) como a disparada de preços de derivados de commodities agrícolas (soja e milho). Essas altas já
fizeram subir os preços das rações e rebateram nas carnes
-aumento de 3,58% em julho.
Os sucessivos aumentos dos
alimentos nos últimos meses
fizeram o IPCA acumulado em
12 meses sair do patamar de 3%
no início do ano e se aproximar
de 4%. A taxa ficou em 3,74%
nos 12 meses encerrados em julho. O centro da meta do governo é de 4,5%. De janeiro a julho,
o índice ficou em 2,32%.
Para este mês, Nunes dos
Santos também não espera a
desaceleração da taxa de 12 meses, pois "não há evidências" de
que se repita o índice de agosto
de 2006, que ficou em 0,05%.
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