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Lobão defende exclusividade da Petrobras
Ministro confirma que mudança no marco regulatório deixará a estatal como operadora única dos novos campos do pré-sal
Petrolíferas estrangeiras já veem risco de monopólio; municípios produtores pressionam ministro por manutenção de royalties
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A BÚZIOS (RJ)
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem
que, pelo projeto de marco regulatório para exploração do
pré-sal sob análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a
Petrobras será a operadora exclusiva de todos os blocos a serem licitados no regime de partilha de produção. A premissa
já constará no edital do leilão
das áreas.
"No projeto que o presidente
está estudando neste final de
semana, que é um projeto tentativo, consta um item dizendo
que a empresa [Petrobras] será
a operadora brasileira", disse
Lobão, ontem pela manhã,
diante de uma plateia de cerca
de 150 pessoas, que participavam, em Búzios, na região dos
Lagos, no Rio de Janeiro, de
uma reunião da Ompetro (Organização dos Municípios Produtores de Petróleo).
Questionado pela reportagem da Folha sobre como será
a entrega de todos os blocos à
Petrobras, Lobão explicou:
"Faz-se o leilão. As empresas
interessadas em participar se
organizam. Já constará do edital que a Petrobras será uma
das sócias, em um percentual a
definir, e também necessariamente a operadora".
Confirmada ontem por Lobão, a decisão do governo encontra forte resistência entre
as petroleiras estrangeiras que
atuam no Brasil. Conforme a
Folha revelou ontem, as empresas avaliaram, em uma reunião de emergência, que o governo quer, com a medida,
apresentar uma nova versão do
monopólio do petróleo que o
país teve no passado.
As companhias centraram a
principal crítica justamente na
decisão para que a Petrobras
seja a operadora única e exclusiva de todos os campos do pré-sal. Veem a proposta praticamente como o retorno do monopólio -quebrado em 1997,
pela Lei do Petróleo-, o que as
coloca como simples investidoras do pré-sal.
Municípios
No encontro de ontem, a presidente da organização, Rosinha Garotinho, prefeita da
Campos, entregou ao ministro
uma proposta segunda a qual
reivindica que 40% do pré-sal
sejam explorados no modelo
atual, ou seja, pelo sistema de
concessões -e, consequentemente, com a manutenção do
mesmo percentual de royalties
para os municípios produtores.
A Ompetro congrega dez municípios produtores de Petróleo. Juntos, são responsáveis
por 80% da produção nacional.
O novo marco regulatório em
estudos prevê a adoção do modelo de partilha. Sobre os royalties, a ideia que deve vingar é
dividi-los por todos os Estados
do país, não somente pelos produtores de petróleo, carimbando seu destino para investimentos sociais.
Rosinha afirmou que as reservas da região começam a entrar em fase de decadência.
Diante das iminentes perdas de
recursos (R$ 17 bilhões nos
próximos oito anos), disse temer que os municípios se
transformem em uma "Serra
Pelada".
Lobão ouviu com paciência o
pedido, mas rechaçou o principal argumento, segundo o qual
o petróleo, que é bom, "também é ruim", porque traz danos
ambientais, despesas com escolas, saúde, necessidade de
emprego, moradia etc.
"Temos que tomar cuidado
com esse tipo de colocação, que
é perigosa. Se o pessoal do Piauí
sabe que tem gente reclamando, que está achando isso ruim,
vai dizer: pode mandar para cá
que nós queremos."
Tudo que a Ompetro conseguiu no encontro de ontem foi
o compromisso de Lobão de
que a proposta chegará ao presidente Lula.
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