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Bancos devem ganhar reajuste por INSS
Após leilão da folha de pagamento, governo negocia elevar valores pagos às instituições por recolhimento de contribuição
Ideia é compensar perdas que bancos terão com nova taxa paga à Previdência; União já reverte R$ 300 milhões ao ano em tarifas
SHEILA D'AMORIM
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de pressionar os bancos públicos e privados a participarem do leilão da folha de
pagamento das aposentadorias
do INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), o governo agora
negocia com as instituições financeiras um reajuste do valor
que a União paga para os bancos arrecadarem as contribuições previdenciárias.
O aumento da tarifa, segundo
a Folha apurou, deverá sair até
o fim deste ano e ajudará a
compensar os gastos adicionais
que os bancos terão a partir do
ano que vem, quando passarão
a desembolsar mensalmente
uma quantia para o Instituto
Nacional do Seguro Social pela
exclusividade de pagar os benefícios previdenciários.
Atualmente, o governo gasta
cerca de R$ 300 milhões por
ano com o pagamento de tarifas aos bancos que arrecadam
as contribuições da Previdência. Mensalmente, 7 milhões de
guias são recolhidas, o que corresponde a uma arrecadação
média de R$ 14 bilhões.
Até a fusão da Receita Federal com a Secretaria de Receita
Previdenciária, o contrato para
os serviços de arrecadação cabia à Previdência e ao INSS.
Com a criação da Receita Federal do Brasil, o assunto passou a
ser conduzido pelo Ministério
da Fazenda, segundo informa o
Ministério da Previdência.
O diretor-executivo do Bradesco, Ademir Cossiello, admite a negociação para corrigir os
valores atuais, afirmando que
"isso ficou de ser revisto até o
fim deste ano". Outros três representantes de bancos envolvidos diretamente no leilão do
INSS também confirmaram
que a discussão existe.
Segundo um deles, deverá
haver uma rodada geral de reajustes das tarifas bancárias, o
que também incluirá o contrato do governo com os bancos.
O Bradesco é um dos grandes
pagadores de benefícios da
Previdência e foi o mais agressivo na disputa pelos novos benefícios. Foi o maior vencedor
e ficou com 8 dos 26 lotes vendidos. O banco privado também figura entre os maiores arrecadadores de contribuições
previdenciárias.
Contratos
Os contratos com a rede bancária para arrecadação de contribuições e pagamento de benefícios são diferentes, mas a
atual rede que recebe para a
Previdência é praticamente a
mesma que paga os 26,6 milhões de benefícios.
No entanto, com o leilão da
folha na semana passada, essa
quase coincidência acabará. Os
pagamentos evoluirão para um
pequeno número de instituições, enquanto a arrecadação
seguirá espalhada pela rede.
26 lotes
No pregão, o país foi dividido
em 26 lotes, e os novos benefícios, que serão concedidos a
partir de 2010, serão pagos por,
no máximo, dez bancos.
Até 2007, quando ainda remunerava os bancos para pagar
as aposentadorias, a Previdência gastava R$ 250 milhões ao
ano com esses serviços. Desde
então, negociou com os bancos
a suspensão do pagamento.
Agora, com o leilão, o governo receberá pelo pagamento de
novos benefícios a partir de janeiro. No primeiro mês, a estimativa é arrecadar R$ 630 mil,
mas, à medida que sejam concedidas novas aposentadorias,
esse valor aumenta.
O leilão será usado pelo governo como referência para
precificar a atual folha de pagamento. O governo pretende cobrar esse valor dos bancos, mas
a negociação deverá ser mais
difícil do que a que cercou o leilão da nova folha.
Nos dias que antecederam o
pregão, o governo reforçou a
pressão sobre os bancos, insistindo para que participassem
da disputa. A Folha apurou que
o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson
Machado, chegou a ligar para
presidentes de grandes instituições financeiras.
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