São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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MERCADOS
Relatório do Fundo vê crédito para emergentes ainda difícil e grande dependência dos juros do Fed
Mercado ainda é instável, conclui FMI

MARCIO AITH
de Washington

Apesar da melhoria da situação financeira mundial no primeiro semestre de 1999, o fluxo de capitais privados para os mercados emergentes se estabilizou num patamar muito inferior ao verificado antes de 1997 e muitos investidores simplesmente não voltaram à Ásia e à América Latina, segundo relatório divulgado ontem pelo FMI.
O relatório conclui que as condições dos mercados globais "continuam frágeis" e que a plena recuperação de países como o Brasil depende muito da economia norte-americana, cujo futuro ainda está cercado de dúvidas.
"Apesar dos avanços dos últimos meses, as condições nos mercados financeiros permanecem frágeis, como indicam o alto grau de volatilidade, as altas taxas cobradas nos títulos das dívidas de mercados emergentes e o fluxo de capitais para esses mercados, que continuam muito abaixo dos verificados durante os anos de boom", informa o relatório "Mercados Internacionais de Capital".
Segundo o relatório, o fluxo bruto de financiamento privado para os mercados emergentes nos seis primeiros seis meses de 1999 (US$ 74,5 bilhões) ficou abaixo do verificado no mesmo período no ano passado (US$ 90,4 bilhões).
Embora veja esses dados como um indício de equilíbrio dos mercados (já que o segundo trimestre de 1999 teve um fluxo maior que o primeiro), o Fundo reconhece que o atual volume de capitais para os mercados emergentes representa 50% do verificado em 1997 -ano do início da crise iniciada na Ásia e que se espalhou para a Rússia e América Latina.
Esses números não representam todas as formas de capitais. Eles se referem ao total de empréstimos concedidos e ao valor dos títulos e das participações acionárias comprados de empresas de mercados emergentes.
"O relatório mostra uma redução no volume de empréstimos bancários nos últimos dois anos, refletindo uma relutância dos bancos de expandir suas atividades nessa área. Por causa disso, a ênfase foi direcionada para o mercado de títulos da dívida de governos. O setor privado de países emergentes ainda está enfrentando dificuldades para se inserir nos mercados internacionais", disse Donald Mathieson, chefe da Divisão de Estudos de Mercados Emergentes do FMI.
Não há números específicos para o Brasil, mas o lançamento de títulos feito no primeiro semestre pelo governo brasileiro foi visto como um exemplo de que os mercados continuam instáveis e desfavoráveis aos emergentes.
Mathieson afirmou que a América Latina encontra-se num compasso de espera e depende muito do futuro dos EUA.


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