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análise
BC fica em situação difícil para subir juro
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da ação coordenada dos principais bancos
centrais do mundo para reduzir os juros, o Banco Central tenta blindar a sua política monetária e resistir à
pressão dentro e fora do governo por cortes nos juros.
Desde a semana passada, a
possibilidade de o BC inverter a trajetória da Selic foi colocada na mesa de discussão
da equipe econômica com o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Ao lado da redução
dos compulsórios, a medida
foi apontada como uma saída
para aumentar a quantidade
de dinheiro dos bancos e evitar um freio forte na economia.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, no entanto,
foi contra mudanças no rumo dos juros. Disse que era
preciso separar a gestão dos
juros do problema de falta de
linhas de crédito. No entanto, a pressão vem crescendo
porque o impacto da crise na
atividade brasileira será
maior do que o esperado.
Para o BC, ainda não há sinalização clara de que a inflação esteja controlada. Setores importantes como o de
serviços ainda mostram apetite por reajustes de preços.
Por outro lado, a instabilidade do câmbio tem impacto
imediato para inflação.
Ontem, em reunião no Palácio do Planalto com o presidente Lula, Meirelles demonstrou preocupação com
o fato de a crise americana
ter atingido bancos europeus, mas voltou a afirmar a
que a economia brasileira
"ainda está intacta".
Para Sergio Vale, economista da MB Associados, o
Copom deverá se dividir ainda mais sobre o ritmo de alta
dos juros. "Haveria espaço
para parar a alta da Selic na
próxima reunião, mas não
creio que o BC faça isso ainda. Pode ser que ainda tenhamos uma alta em outubro, a
ver se de 0,5 ponto ou 0,25
ponto, mas em dezembro poderemos ver uma parada
provavelmente", disse.
Para Marcio Holland, economista da FGV, o BC pode
suspender a eventual alta
nas taxas de juros e evitar a
desvalorização excessiva do
real gastando parte das reservas cambiais. "Não vai ser
uma alta na taxa Selic que irá
trazer a inflação para dentro
da meta. Com a reversão no
nosso crescimento dos prováveis 5,2% em 2008 para algo em torno de 2,5 a 3% em
2009, os gastos crescerão e a
queda na arrecadação dificultará a formação de superávit primário. Serão necessárias medidas de ajustes fiscais para minimizar a crise."
Para Fernando Cardim,
economista da UFRJ, a disparada do dólar vai pressionar os preços e "forçar a
mão" do Banco Central nos
juros. "O BC está numa posição extremamente difícil",
disse.
Colaborou SIMONE IGLESIAS ,
da Sucursal de Brasília
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