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Previsão de PIB do Brasil cai, mas ultrapassa média da AL
DO ENVIADO A WASHINGTON
Se confirmadas, as previsões
do FMI para o crescimento da
economia brasileira colocarão
o país à frente da média dos países latino-americanos pela primeira vez em vários anos.
O Fundo projeta um crescimento de 5,2% do PIB neste
ano e de 3,5% em 2009. Em relação à previsão feita em abril,
houve corte de 0,5 ponto para o
ano que vem. Para a América
Latina, a média prevista de
crescimento é de 4,6% em 2008
e 3,2% em 2009. As reduções
decorrem da crise financeira.
O FMI afirma que os emergentes devem sofrer com a queda nas exportações (derivada
de uma demanda mundial menor por commodities e manufaturados) e, mais importante,
com pressões para usar reservas para defender suas moedas.
Ontem, pela primeira vez em
mais de cinco anos, o Banco
Central brasileiro realizou um
leilão de venda de reservas para
tentar trazer o dólar para baixo
do pico do dia, de R$ 2,48.
Charles Collyns, economista-chefe-adjunto e especialista
em Brasil no FMI, afirmou que
a pressão sobre o dólar deriva
do "aperto do mercado internacional de crédito".
"Eu creio que isso explica o
motivo de a taxa de câmbio no
Brasil estar tão pressionada. O
Brasil também é um grande exportador de commodities, e está sofrendo queda na receita
(em dólares) por esse lado."
Pela primeira vez em vários
anos, o Brasil passou a ter em
2008 déficit em dólares nas
suas transações com o resto do
mundo e necessita do equivalente a cerca de 1,5% do seu PIB
em recursos de fora para se financiar. Com o aperto internacional, a expectativa de alguns
analistas é que o financiamento
fique cada vez mais difícil, daí a
tendência de alta da cotação da
moeda americana.
Collyns afirmou também que
a pressão cambial poderá ter
impactos iniciais sobre a inflação -já que produtos importados ficarão mais caros.
A contrapartida a esse cenário, disse, é que a atividade econômica tende a se desacelerar.
O país precisará importar menos, e o consumo poderá ser
atendido por uma folga maior
nos limites de produção das
empresas locais.
Para Collyns, se esse cenário
prevalecer e o dólar refluir, o
Brasil terá condições até de baixar os juros para estimular sua
economia.
Sem citar especificamente o
Brasil, mas falando dos emergentes em geral, o economista
do FMI Jörg Decressin disse
que em certos momentos os
países serão obrigados a usar
suas reservas para conter a valorização do dólar.
"Um grande número de
emergentes acumulou enormes quantidades de reservas, e
fizeram isso com o propósito de
afastar choques vindos dos
mercados nos tempos difíceis.
E é exatamente isso (usar as reservas) que esses países devem
fazer quando for necessário",
afirmou Decressin.
Entre os grandes emergentes, a China seguirá como o
mais ativo, com crescimento
previsto de 9,7% neste ano e de
9,3% no próximo -contra
11,9% em 2007.
(FCZ)
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