São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

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Previsão de PIB do Brasil cai, mas ultrapassa média da AL

DO ENVIADO A WASHINGTON

Se confirmadas, as previsões do FMI para o crescimento da economia brasileira colocarão o país à frente da média dos países latino-americanos pela primeira vez em vários anos.
O Fundo projeta um crescimento de 5,2% do PIB neste ano e de 3,5% em 2009. Em relação à previsão feita em abril, houve corte de 0,5 ponto para o ano que vem. Para a América Latina, a média prevista de crescimento é de 4,6% em 2008 e 3,2% em 2009. As reduções decorrem da crise financeira.
O FMI afirma que os emergentes devem sofrer com a queda nas exportações (derivada de uma demanda mundial menor por commodities e manufaturados) e, mais importante, com pressões para usar reservas para defender suas moedas.
Ontem, pela primeira vez em mais de cinco anos, o Banco Central brasileiro realizou um leilão de venda de reservas para tentar trazer o dólar para baixo do pico do dia, de R$ 2,48.
Charles Collyns, economista-chefe-adjunto e especialista em Brasil no FMI, afirmou que a pressão sobre o dólar deriva do "aperto do mercado internacional de crédito".
"Eu creio que isso explica o motivo de a taxa de câmbio no Brasil estar tão pressionada. O Brasil também é um grande exportador de commodities, e está sofrendo queda na receita (em dólares) por esse lado."
Pela primeira vez em vários anos, o Brasil passou a ter em 2008 déficit em dólares nas suas transações com o resto do mundo e necessita do equivalente a cerca de 1,5% do seu PIB em recursos de fora para se financiar. Com o aperto internacional, a expectativa de alguns analistas é que o financiamento fique cada vez mais difícil, daí a tendência de alta da cotação da moeda americana.
Collyns afirmou também que a pressão cambial poderá ter impactos iniciais sobre a inflação -já que produtos importados ficarão mais caros.
A contrapartida a esse cenário, disse, é que a atividade econômica tende a se desacelerar. O país precisará importar menos, e o consumo poderá ser atendido por uma folga maior nos limites de produção das empresas locais.
Para Collyns, se esse cenário prevalecer e o dólar refluir, o Brasil terá condições até de baixar os juros para estimular sua economia.
Sem citar especificamente o Brasil, mas falando dos emergentes em geral, o economista do FMI Jörg Decressin disse que em certos momentos os países serão obrigados a usar suas reservas para conter a valorização do dólar.
"Um grande número de emergentes acumulou enormes quantidades de reservas, e fizeram isso com o propósito de afastar choques vindos dos mercados nos tempos difíceis. E é exatamente isso (usar as reservas) que esses países devem fazer quando for necessário", afirmou Decressin.
Entre os grandes emergentes, a China seguirá como o mais ativo, com crescimento previsto de 9,7% neste ano e de 9,3% no próximo -contra 11,9% em 2007. (FCZ)


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