São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Concessionárias reajustam taxas e prazos

Incerteza faz financiamento de automóvel ficar menos extenso e mais caro, com variações semanais

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pedido que o brasileiro mantenha o nível de consumo, quem precisa de um financiamento já começa a pagar mais pelo crédito. Comprar um carro zero-quilômetro deve ficar ainda mais difícil no fim de semana.
Sem se identificar, a Folha ligou para 12 concessionárias em São Paulo de seis marcas diferentes, que trabalham não só com bancos das próprias montadoras (GM e Ford, por exemplo) mas também com os de varejo (caso do Santander).
Todas reajustaram a taxa de juros entre sexta-feira e segunda-feira: passou, em média, de 1,4% para 1,7% nos planos de 60 meses. Lojistas, porém, estimam que chegará a 1,8% até domingo e passará para 2% na próxima semana.
Isso significa que uma das 60 parcelas de um Volkswagen Gol 1.0 (cujo preço fica em torno de R$ 30 mil) era de R$ 839 na semana passada. Agora, é de R$ 907. Para um Fiat Punto 1.4 (R$ 43,5 mil), os valores subiram de R$ 1.102 (taxa de 1,42%) para R$ 1.175 (1,70%).
Esses valores são para financiamentos sem entrada, modalidade que já começa a rarear. As financeiras começam a exigir um pagamento mínimo de 10% do valor do carro zero-quilômetro para os parcelamentos de 60 ou 72 meses -o percentual é de 20% para os usados.
Os planos de 72 meses, muito divulgados na época de crédito fácil, já saíram de cena. Hoje, o máximo são 60 meses, e vendedores dizem que, no fim de semana, é provável que sejam reduzidos a 36 meses.
O clima de incerteza é tanto que, segundo um vendedor, o Itaú (dono do Banco Fiat) chegou a suspender os planos de financiamento na terça-feira. Já a Finasa reajustou a tabela três vezes desde sexta-feira. O Banco GM passou a alterar sua tabela semanalmente -antes, o fazia uma vez por mês.

Importados
Aparentemente ainda não afetados pelo dólar galopante, os veículos importados também sentem a restrição ao crédito. Na Hyundai, por exemplo, ainda é possível encontrar planos com 50% de entrada e saldo dividido em 36 vezes fixas sem juros. Mas, em cinco dias, a taxa foi de 1,39% para 1,49%. Até amanhã, os vendedores esperam que seja de 1,80%.
Assim, a versão mais barata do Tucson (R$ 79.990) viu, no financiamento em 60 meses, a parcela ir de R$ 2.090 para R$ 2.245. Com entrada de R$ 40 mil (50%), o consumidor paga 36 parcelas de R$ 1.133.
De acordo com os vendedores, a taxa era subsidiada pelo importador, que não conseguirá mantê-la por muito tempo.
Procurada pela Folha, a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) não se pronunciou.


Texto Anterior: Mercado de trabalho deve ser afetado já em 2009
Próximo Texto: Entrevista: Crise não afeta emprego neste ano, diz Lupi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.