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entrevista
Crise não afeta emprego neste ano, diz Lupi
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a crise financeira não deverá afetar a
criação de vagas neste ano,
quando o Brasil deve abrir
mais de 2 milhões de postos
de trabalho. Leia trechos de
entrevista.
(CR e FF)
FOLHA - O ministério reviu os
números de criação de vagas no
ano?
CARLOS LUPI - Não. A previsão
inicial, feita no final de 2007,
era criarmos neste ano mais
de 1,8 milhão de vagas. Como
o mercado se comportou
melhor do que esperávamos,
nossa previsão é que serão
criadas mais de 2 milhões de
vagas formais, um recorde.
FOLHA - Alguns economistas dizem que haverá reflexo no emprego...
LUPI - Há muito "chutômetro". Todos os economistas
acham que podem prever o
futuro. Quem é mais capacitado para prever futuro é o
astrólogo, o pai-de-santo. A
avaliação tem de ser feita em
cima de números. A crise dos
EUA já tem um ano. Naquela
época, grandes economistas
analisaram que, no Brasil,
cairiam produção, emprego e
crescimento em 2008. Nesses nove meses, as respostas
foram ao contrário. O Brasil
continua gerando mais vagas
do que em 2007 e o PIB crescerá mais neste ano.
FOLHA - A crise não afeta o país?
LUPI - Essa especulação em
cima do dólar só favorece o
país responsável pela crise. É
um paradoxo. Com a valorização da moeda americana,
valorizam-se os títulos americanos. Quem está ganhando com a crise foi quem gerou a crise (...). Ninguém está
imune à especulação. Duas
empresas brasileiras perderam milhões de dólares, por
exemplo, por especulação.
Mas nosso sistema financeiro tem linha de crédito completamente diferente do da
Europa e dos EUA. Aqui, o
BC está agindo para colocar
mais recursos na economia e
tentar imunizar o sistema
[financeiro]. Como há muitas empresas exportadoras,
que dependem de capital externo, pode haver contaminação de pequena parte.
FOLHA - O emprego nessas empresas não pode ser atingindo?
LUPI - Se tiver [impacto], será muito pequeno, e somente
no segundo semestre [de
2009]. Os setores afetados
dependem muito da atuação
do BC, da política de exportação e da captação de investimentos. Se o BC criar mais
linhas de crédito que possam
substituir a dependência de
financiamentos externos, o
impacto na geração do emprego é próximo de zero.
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