São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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LUÍS NASSIF

Os investimentos brasileiros no exterior

Em geral , analisam-se as contas externas brasileiras a partir do levantamento dos investimentos externos no país. Pouco se tem estudado o estoque de capitais brasileiros no exterior. A sempre pioneira Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), em seu último boletim, deu o tiro de partida para analisar o processo.
O montante total de capitais nacionais no exterior estava em US$ 69,6 bilhões em 31 de dezembro de 2001. Desse total, US$ 50,7 bilhões, ou 73%, eram na forma de IDBE (Investimento Direto Brasileiro no Exterior). O boletim Sobeet mapeou de duas maneiras esses investimentos: por setores de atividade econômica e por país de destino dos recursos.
Conceitualmente, esses investimentos podem ser divididos em participação societária e empréstimos intercompanhia. No primeiro item entram aquisições societárias que correspondam a pelo menos 10% do capital da empresa receptora dos recursos sediada no exterior. Nesse levantamento, as participações societárias chegaram a US$ 43,6 bilhões do total do IDBE.
Em relação aos setores de atividade econômica, a predominância é de serviços prestados a empresas (32,8%), atividades de intermediação financeira (32,6%) e atividades auxiliares da intermediação financeira (17,3%).
Quanto ao destino, a maior parte do fluxo de IDBE é para paraísos fiscais, Ilhas Cayman (33,9%), Ilhas Virgens Britânicas (18,7%), Bahamas (13,6%), Uruguai (7,2%) e Bermudas (2,3%), que concentraram 75,6% do total do IDBE. Também têm alguma participação relevante países com os quais o Brasil intensificou suas relações financeiras e patrimoniais no final da década de 90, como Espanha (3,8%), Argentina (3,7%) e EUA (3,2%).
A concentração em paraísos fiscais revela que a estratégia básica dos investidores é a criação de holdings nesses locais, a partir das quais se articulam os investimentos no resto do mundo.
Ainda é um início de levantamento. O mapeamento completo poderá oferecer subsídios ao futuro governo, sobre maneiras de o país aproveitar e coordenar esse fluxo de investimento externo, visando, por exemplo, viabilizar linhas de crédito ao comércio exterior.

E-mail - LNassif@uol.com.br

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