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LUÍS NASSIF
Os investimentos brasileiros no exterior
Em geral , analisam-se as
contas externas brasileiras
a partir do levantamento dos
investimentos externos no país.
Pouco se tem estudado o estoque de capitais brasileiros no
exterior. A sempre pioneira Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), em seu último boletim,
deu o tiro de partida para analisar o processo.
O montante total de capitais
nacionais no exterior estava em
US$ 69,6 bilhões em 31 de dezembro de 2001. Desse total, US$
50,7 bilhões, ou 73%, eram na
forma de IDBE (Investimento
Direto Brasileiro no Exterior). O
boletim Sobeet mapeou de duas
maneiras esses investimentos:
por setores de atividade econômica e por país de destino dos
recursos.
Conceitualmente, esses investimentos podem ser divididos
em participação societária e
empréstimos intercompanhia.
No primeiro item entram aquisições societárias que correspondam a pelo menos 10% do capital da empresa receptora dos recursos sediada no exterior. Nesse levantamento, as participações societárias chegaram a US$
43,6 bilhões do total do IDBE.
Em relação aos setores de atividade econômica, a predominância é de serviços prestados a
empresas (32,8%), atividades de
intermediação financeira
(32,6%) e atividades auxiliares
da intermediação financeira
(17,3%).
Quanto ao destino, a maior
parte do fluxo de IDBE é para
paraísos fiscais, Ilhas Cayman
(33,9%), Ilhas Virgens Britânicas (18,7%), Bahamas (13,6%),
Uruguai (7,2%) e Bermudas
(2,3%), que concentraram
75,6% do total do IDBE. Também têm alguma participação
relevante países com os quais o
Brasil intensificou suas relações
financeiras e patrimoniais no final da década de 90, como Espanha (3,8%), Argentina (3,7%) e
EUA (3,2%).
A concentração em paraísos
fiscais revela que a estratégia
básica dos investidores é a criação de holdings nesses locais, a
partir das quais se articulam os
investimentos no resto do mundo.
Ainda é um início de levantamento. O mapeamento completo poderá oferecer subsídios ao
futuro governo, sobre maneiras
de o país aproveitar e coordenar
esse fluxo de investimento externo, visando, por exemplo, viabilizar linhas de crédito ao comércio exterior.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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