São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Pequeno investidor retorna à Bovespa

Em sintonia com a recuperação do mercado acionário, número de aplicadores bate recorde e chega a 555 mil, ante 310 mil em 2007

Especialista alerta de que melhor forma de atuar na Bolsa é investir um pouco sempre, até nos momentos menos fortes do mercado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que a escalada da Bolsa fez o investidor se esquecer da crise econômica que há não muito tempo puniu severamente os mercados financeiros. Em outubro, o número de investidores individuais cadastrados na Bovespa alcançou pela primeira vez os 555 mil. Na comparação com setembro, houve a entrada de aproximadamente 40 mil investidores.
Dois anos atrás, havia pouco mais de 310 mil cadastrados. O aumento no número de investidores pessoa física se manteve acelerado até o começo do segundo semestre do ano passado. Depois disso, a crise se aprofundou, abatendo o mercado acionário e estancando a entrada de aplicadores.
A maior procura pela Bolsa de Valores neste momento ocorre em sintonia com a recuperação do mercado acionário. Neste ano, o índice Ibovespa -principal referência do mercado local- acumula valorização de 71,7%, o que faz de 2009 o melhor ano desde os 97,3% alcançados em 2003.
"A Bolsa voltou a subir e as pessoas se animam mesmo. Mas essa não é a melhor forma de atuar. Quem investiu um pouco sempre, mesmo nos momentos menos fortes do mercado, com certeza está com retornos muito mais interessantes", diz Théo Rodrigues, diretor-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores).
Essa maior procura por ações pode ser verificada também na movimentação do "home broker" -o sistema de compra e venda de ações pela internet.
No mês passado, houve alta de 33% nas negociações feitas pelo "home broker", atingindo a média de 284,4 mil transações diárias -maior volume da história. Com isso, o segmento respondeu por 19,8% do volume negociado no mês na Bolsa de Valores de São Paulo.
Todo esse apetite por ações ocorre em um momento em que muitos papéis já estão com ganhos superiores a 100% no ano. Ao olhar um percentual desses não é difícil uma pessoa, mesmo que esteja desacostumada, ficar tentada a entrar nesse arriscado mercado.
No fim de outubro, apenas 1 das 63 ações que formam o Ibovespa tinha baixa acumulada no ano (e branda): Eletrobrás PNB, com recuo de 1,12%.
Dentro do principal índice da Bolsa, as líderes de ganhos neste ano são MMX Mineração ON, com alta de 331,77%, Rossi Residencial ON, que já teve ganho de 247,81%, e Gafisa ON, que subiu 167,85%.
"Quem entrou na Bolsa recentemente perdeu toda essa recuperação que temos visto no mercado nos últimos meses", afirma Rodrigues.
O investidor que resolveu entrar na Bolsa quando a crise estava bastante forte se deu bem. Um exemplo: alguém que aplicou R$ 15 mil no fim de 2008 em ações da MMX Mineração tem agora R$ 64,8 mil.
Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora, afirma que o aumento da participação da pessoa física no mercado era esperado com a recuperação da Bolsa de Valores. "A gente vai ficar acostumado novamente com o crescimento da pessoa física no mercado", diz.
A participação da pessoa física no total negociado na Bolsa gira em torno de 31%. A categoria fica atrás apenas dos estrangeiros, que respondem por cerca de 34% do total.
O pequeno investidor começou a mostrar maior interesse pelo mercado acionário apenas nos últimos anos. Parte dessa maior popularização reflete os programas que a Bolsa de Valores de São Paulo tem desenvolvido desde 2002, como as visitas e as palestras dadas em empresas e clubes.

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