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Pequeno investidor retorna à Bovespa
Em sintonia com a recuperação do mercado acionário, número de aplicadores bate recorde e chega a 555 mil, ante 310 mil em 2007
Especialista alerta de que melhor forma de atuar na Bolsa é investir um pouco sempre, até nos momentos menos fortes do mercado
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece que a escalada da Bolsa fez o investidor se esquecer
da crise econômica que há não
muito tempo puniu severamente os mercados financeiros. Em outubro, o número de
investidores individuais cadastrados na Bovespa alcançou pela primeira vez os 555 mil. Na
comparação com setembro,
houve a entrada de aproximadamente 40 mil investidores.
Dois anos atrás, havia pouco
mais de 310 mil cadastrados. O
aumento no número de investidores pessoa física se manteve
acelerado até o começo do segundo semestre do ano passado. Depois disso, a crise se
aprofundou, abatendo o mercado acionário e estancando a
entrada de aplicadores.
A maior procura pela Bolsa
de Valores neste momento
ocorre em sintonia com a recuperação do mercado acionário.
Neste ano, o índice Ibovespa
-principal referência do mercado local- acumula valorização de 71,7%, o que faz de 2009
o melhor ano desde os 97,3%
alcançados em 2003.
"A Bolsa voltou a subir e as
pessoas se animam mesmo.
Mas essa não é a melhor forma
de atuar. Quem investiu um
pouco sempre, mesmo nos momentos menos fortes do mercado, com certeza está com retornos muito mais interessantes", diz Théo Rodrigues, diretor-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores).
Essa maior procura por ações
pode ser verificada também na
movimentação do "home broker" -o sistema de compra e
venda de ações pela internet.
No mês passado, houve alta
de 33% nas negociações feitas
pelo "home broker", atingindo
a média de 284,4 mil transações diárias -maior volume da
história. Com isso, o segmento
respondeu por 19,8% do volume negociado no mês na Bolsa
de Valores de São Paulo.
Todo esse apetite por ações
ocorre em um momento em
que muitos papéis já estão com
ganhos superiores a 100% no
ano. Ao olhar um percentual
desses não é difícil uma pessoa,
mesmo que esteja desacostumada, ficar tentada a entrar
nesse arriscado mercado.
No fim de outubro, apenas 1
das 63 ações que formam o Ibovespa tinha baixa acumulada
no ano (e branda): Eletrobrás
PNB, com recuo de 1,12%.
Dentro do principal índice da
Bolsa, as líderes de ganhos neste ano são MMX Mineração
ON, com alta de 331,77%, Rossi
Residencial ON, que já teve ganho de 247,81%, e Gafisa ON,
que subiu 167,85%.
"Quem entrou na Bolsa recentemente perdeu toda essa
recuperação que temos visto no
mercado nos últimos meses",
afirma Rodrigues.
O investidor que resolveu entrar na Bolsa quando a crise estava bastante forte se deu bem.
Um exemplo: alguém que aplicou R$ 15 mil no fim de 2008
em ações da MMX Mineração
tem agora R$ 64,8 mil.
Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora, afirma que o
aumento da participação da
pessoa física no mercado era
esperado com a recuperação da
Bolsa de Valores. "A gente vai
ficar acostumado novamente
com o crescimento da pessoa
física no mercado", diz.
A participação da pessoa física no total negociado na Bolsa
gira em torno de 31%. A categoria fica atrás apenas dos estrangeiros, que respondem por cerca de 34% do total.
O pequeno investidor começou a mostrar maior interesse
pelo mercado acionário apenas
nos últimos anos. Parte dessa
maior popularização reflete os
programas que a Bolsa de Valores de São Paulo tem desenvolvido desde 2002, como as visitas e as palestras dadas em empresas e clubes.
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