São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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Aplicações em previdência devem superar R$ 100 bi

Investimentos em planos do setor em 2006 até novembro chegaram a R$ 19,4 bi

Produto ainda não compete com fundos de varejo para pessoas físicas, que atraem pela liquidez maior e pelos retornos ainda elevados


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores aplicaram R$ 19,4 bilhões em planos de previdência no ano passado, até novembro, mês em que o fluxo de recursos foi recorde e atingiu R$ 2,1 bilhões. Com o movimento de dezembro encorpado pelo 13º salário, o setor deverá ultrapassar os R$ 100 bilhões em reservas (estoque de recursos aplicados, mais rendimentos), segundo Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp (Associação Nacional da Previdência Privada).
"Os dados de novembro, quando as reservas chegaram a R$ 93,2 bilhões, sinalizam que o setor deve ter fechado o ano de 2006 atingindo um patamar histórico. Há dez anos tínhamos apenas R$ 3 bilhões de reservas", diz Nascimento. Para este ano, sua projeção é a de crescimento em torno de 35% -superior ao de 2006, que deve fechar em cerca de 30%.
Apesar da expansão acelerada, o setor ainda não compete com as aplicações em fundos de investimento feitas por pessoas físicas. O patrimônio líquido dos fundos de varejo, destinados a esse investidor, totalizou R$ 350 bilhões no ano passado, segundo dados do site financeiro Fortuna. Ou seja, esses fundos têm um estoque de recursos 2,5 vezes superior às reservas da previdência privada.
Mesmo do ponto de vista do fluxo de recursos, a previdência ainda fica atrás dos fundos de investimentos do varejo. No ano passado, a captação líquida (aportes menos resgates) desses fundos chegou a R$ 14,9 bilhões, e a dos de previdência -nos quais são alocados os recursos da previdência privada- ficou em R$ 10,4 bilhões, segundo o Fortuna. "Os dados diferem dos da Anapp, pois a entidade só considera as aplicações feitas, sem descontar os resgates", diz Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do Fortuna.
Por conta dos longos anos de juros altos, o mercado financeiro brasileiro estaria "invertido", segundo Nascimento, da Anapp. "Nos EUA, mais da metade dos recursos dos investidores está aplicada em planos de previdência. Aqui, ainda estamos muito voltados para aplicações de curto prazo, e os fundos atraem pela liquidez."
A política de juros tornou essas aplicações imbatíveis, aliando rentabilidade, liquidez (facilidade de saque) e baixo risco, especialmente no caso dos fundos de renda fixa e DI. "Com a queda dos juros, a previdência deve começar a competir com os fundos", afirma.
Neste ano, com a Selic projetada para 12% a 12,25% ao ano em dezembro, quem aplicar R$ 100 mil em um fundo de renda fixa terá ao final do ano R$ 9.000 de rendimento -descontando-se o Imposto de Renda e a taxa de administração do banco-, segundo Nascimento. "Nos planos de previdência o investidor vai ganhar mais, pois, ao contrário dos fundos, não incide IR na acumulação."


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