São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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Precária, BR-319 é o retrato da desolação

DO ENVIADO ESPECIAL

Única ligação terrestre com o Brasil meridional, a BR-319, rodovia federal com 880 quilômetros de extensão que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), é o retrato da desolação.
A Folha percorreu trecho de 170 km da rodovia que corta a floresta Amazônica. Apesar de algumas obras, só a insistência permite cruzá-la. Para o transporte, é inviável; para a sobrevivência, última opção.
A estrada está destruída. O asfalto, nem tão velho, desmancha. Isolada no meio do nada, a população enfrenta todo tipo de dificuldade. Maria das Graças e Paulo Nazareti conhecem bem essa história. Instalados num lote no quilômetro 143, sobrevivem com quase nada. Paulo, vez ou outra, vai à localidade de Carreiro da Várzea atrás de um trabalho fortuito. A renda mensal, quando muito, alcança R$ 100.
Ar tristonho, o casal desfia a história. Moravam em Rio Novo, no km 300 da mesma BR-319. Mas a vida lá não deu. A 350 km da vila "vizinha", o casal não teve alternativa senão abandonar tudo: a criação, os móveis, a casa, as panelas. Valeu de nada tentar recuperá-los. Atearam fogo à casa. A criação morreu sem comida ou devorada por onças.
A BR-319, também alvo de disputa entre ambientalistas e governo, é parte da vida de Paulo. Sobre ela, sabe tudo. "O presidente Lula prometeu arrumar a estrada. Ouvi ele dizer no rádio. É culpa do ministro. O presidente não sabe que isso tá assim. Se soubesse, pronta já estava", afirma. (AB)


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