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Precária, BR-319 é o retrato da desolação
DO ENVIADO ESPECIAL
Única ligação terrestre com o
Brasil meridional, a BR-319, rodovia federal com 880 quilômetros de extensão que liga
Manaus (AM) a Porto Velho
(RO), é o retrato da desolação.
A Folha percorreu trecho de
170 km da rodovia que corta a
floresta Amazônica. Apesar de
algumas obras, só a insistência
permite cruzá-la. Para o transporte, é inviável; para a sobrevivência, última opção.
A estrada está destruída. O
asfalto, nem tão velho, desmancha. Isolada no meio do
nada, a população enfrenta todo tipo de dificuldade. Maria
das Graças e Paulo Nazareti conhecem bem essa história. Instalados num lote no quilômetro 143, sobrevivem com quase
nada. Paulo, vez ou outra, vai à
localidade de Carreiro da Várzea atrás de um trabalho fortuito. A renda mensal, quando
muito, alcança R$ 100.
Ar tristonho, o casal desfia a
história. Moravam em Rio Novo, no km 300 da mesma BR-319. Mas a vida lá não deu. A
350 km da vila "vizinha", o casal não teve alternativa senão
abandonar tudo: a criação, os
móveis, a casa, as panelas. Valeu de nada tentar recuperá-los. Atearam fogo à casa. A criação morreu sem comida ou devorada por onças.
A BR-319, também alvo de
disputa entre ambientalistas e
governo, é parte da vida de
Paulo. Sobre ela, sabe tudo. "O
presidente Lula prometeu arrumar a estrada. Ouvi ele dizer
no rádio. É culpa do ministro.
O presidente não sabe que isso
tá assim. Se soubesse, pronta já
estava", afirma.
(AB)
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