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Déficit a financiar em janeiro é de US$ 4 bi
MARA LUQUET
Editora do Folhainvest
Na primeira semana do ano, o
país perdeu, em média, cerca de
US$ 150 milhões diariamente. A cifra significa uma redução de 40%
em relação à média de perdas diárias registrada no mês passado.
Entretanto, o Brasil precisaria, em
vez de perder, registrar ingresso líquido diário de US$ 200 milhões.
Esse é o dinheiro necessário para
financiar o déficit externo estimado pelos analistas para este mês,
que gira em torno de US$ 4 bilhões.
Esses números não são oficiais,
mas estão na mesa de grandes bancos que acompanham diariamente
o fluxo de recursos externos para o
país. Esse é um ponto crucial para
determinar os rumos da política
econômica do governo.
Se não conseguir financiar esse
déficit, as reservas internacionais
líquidas do país podem chegar, ao
final de janeiro, ao nível de US$ 31
bilhões (o mercado estima que, em
dezembro, as reservas tenham ficado em US$ 35 bilhões). Seria um
desastre, para dizer o mínimo, segundo analistas de mercado.
Isso porque, para cumprir as metas do FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil precisa chegar, ao final do primeiro trimestre
do ano, com um nível de reservas
internacionais líquidas da ordem
de US$ 33 bilhões.
Mas o Bird (Banco Mundial) já
anunciou que libera para o país,
ainda este mês, US$ 1 bilhão. Além
disso, deverão entrar no caixa brasileiro, também neste mês, os cerca
de US$ 100 milhões captados pela
Cesp por meio da emissão de títulos no mercado internacional.
Esse dinheiro financia menos de
30% do déficit esperado para este
mês. Se nada mais entrar, as reservas baterão, ao final do mês, em
US$ 32,6 bilhões.
O governo terá, então, dois meses para recompor o nível das reservas. Mas, em fevereiro, a situação é um pouco pior. O mês tem
apenas 17 dias úteis (contra 22 de
janeiro) e um déficit externo previsto de US$ 4,5 bilhões.
Ou seja, a entrada de recursos
diários teria de ficar, na média, na
ordem de US$ 300 milhões para
conseguir cobrir o déficit e ainda
recompor o patamar das reservas
internacionais líquidas exigidas
pelo FMI. Daí a importância de a
captação voluntária ter sucesso
neste mês.
Pelas contas de bancos importantes no mercado de câmbio, o
maior peso nas contas externas,
para este mês, é o pagamento de
amortizações da dívida externa,
que chega a US$ 3,6 bilhões. O déficit comercial é estimado em US$
542 milhões, que somado ao pagamento de serviços deixa o saldo em
transações correntes negativo em
US$ 2,2 bilhões.
Acompanhar passo a passo o fluxo de recursos externos para o país
é essencial, principalmente nesse
primeiro trimestre, para ter a sinalização se o governo caminha ou
não para um ajuste no câmbio.
O grosso de saídas de dólares registradas na semana passada ocorreu entre terça e quinta-feira. Um
ponto importante é que as saídas
pelo câmbio flutuante representaram, em média, 10% do volume total de perdas na semana passada.
Esse é o mercado que costuma ficar mais nervoso em situação de
crise e manteve-se calmo mesmo
após a moratória mineira.
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