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BOLSAS
O índice Nasdaq, das empresas norte-americanas de alta tecnologia, subiu 40% em 1998; só a Amazon, 1.081%
"Internetmania' levanta ações nos EUA
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A "Internetmania" tomou conta
da Bolsa de Valores de Nova York.
As ações de empresas ligadas à rede não param de subir, dominando cada vez mais o mercado.
Os analistas consideram que há
exageros óbvios, mas não arriscam
apostar em uma baixa nos preços
das ações. Como uma bola de neve,
quanto maior o fluxo de recursos
para os papéis da Internet, maior a
quantidade de fundos de investimento interessados neles.
"Os investidores estão comprando um mundo virtual, do futuro.
Estão apostando que as empresas
ligadas à Internet darão lucros",
diz Rodrigo Moraes, do Banco
Rendimento.
"Empresas muito fortes foram
construídas na Internet em um espaço muito curto de tempo. Algumas dessas companhias serão as líderes da economia no próximo
milênio", disse o especialista Fred
Wilson ao jornal "The New York
Times".
A Amazon, empresa que vende
livros, vídeos e CDs pela rede, é o
exemplo mais claro da "Internetmania". Ela não produz nada. Até
agora, também não dá lucros. Sua
ação teve alta de nada menos do
que 1.081% no ano passado, contra
valorização de cerca de 16% do índice Dow Jones, das 30 ações mais
negociadas em Nova York.
Quer dizer que o papel está caro e
é hora de vender? Pode ser, mas na
primeira semana de 99 o papel
acumula alta de mais 77%. Quem
não tem a ação acaba comprando,
com medo de perder mais uma nova valorização.
O valor de mercado da Amazon,
na sexta-feira, era de cerca de US$
30 bilhões, mais do que todo o
mercado editorial dos Estados
Unidos.
Como comparação, cabe notar
que Petrobrás vale cerca de US$
12,46 bilhões na deprimida Bolsa
de Valores de São Paulo. A Eletrobrás tem valor de mercado de US$
8,88 bilhões, a Vale do Rio Doce, de
US$ 5,1 bilhões, a Telesp Operadora, de US$ 7,84 bilhões, e o Banespa, de US$ 1,6 bilhão, segundo levantamento da Economática.
As cinco gigantes brasileiras valem, juntas, quase US$ 36 bilhões,
pouco mais do que a Yahoo. A empresa, que ajuda os internautas a
realizar buscas na rede, valia quase
US$ 35 bilhões na última sexta-feira.
O caso da Ebay também é gritante. A empresa, que realiza leilões
pela Internet, lançou suas ações no
mercado norte-americano em setembro do ano passado. No primeiro negócio, o papel da empresa
valia US$ 44,875. Terminou o ano a
US$ 241,25, uma valorização de
438%. Neste ano, o papel da empresa teve alta de mais de 26,37%.
Na quarta-feira, a Ebay, que fatura cerca de US$ 65 milhões por
ano, valia US$ 11,9 bilhões no mercado de ações de Nova York, pouco menos do que os US$ 12,7 bilhões da conhecida produtora de
alumínio Alcoa.
A American Online valia cerca de
US$ 68,2 bilhões na sexta-feira,
tanto quanto a Walt Disney.
"É inútil tentar encontrar qualquer explicação racional para os
preços astronômicos das ações de
empresas da Internet", disse o analista Keith Benjamin ao "The New
York Times".
Quando os investidores escolhem uma categoria para liderar o
mercado, não há limites para o
preço que eles irão pagar para ter
aquela ação, afirma ele.
Para Benjamin, a principal lição
do investimento em ações de 98
foi: "não reme contra a corrente".
Quem quis fugir das caras ações da
Internet e comprou as baratas
ações brasileiras, por exemplo,
perdeu um bom dinheiro. A Bolsa
de Valores de São Paulo caiu
33,46% no ano passado. Mas o índice Nasdaq, das empresas de alta
tecnologia norte-americanas, subiu 40%.
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