São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

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Mercado avalia que risco-país deve cair

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de recomprar títulos da dívida externa, especialmente aqueles fruto da negociação que se seguiu ao calote dos anos 80, reforça as apostas do governo numa reavaliação da nota atribuída ao Brasil pelas agências internacionais de risco antes das eleições e deixa essas instituições no córner.
A estratégia anunciada pelo Tesouro Nacional somada à quitação da dívida com o FMI e outros organismos estrangeiros e aos bons desempenhos da economia na área externa compõe uma lista de motivos mais do que suficiente, na avaliação de especialistas do mercado, para justificar uma melhora da nota brasileira.
No entanto, tradicionalmente, as agências internacionais não costumam reavaliar o grau atribuído às economias em ano eleitoral. O problema no caso específico do Brasil neste ano, segundo especialistas no assunto, é que, diante dos significativos avanços nos indicadores econômicos, a não reavaliação da nota brasileira dá margem à interpretação de que os aspectos políticos se sobrepõem aos técnicos nas análises dessas instituições.
Atualmente, o patamar do risco-Brasil, que ontem fechou próximo dos 250 pontos, já incorpora a melhora dos indicadores externos que tem sido combinada com um cenário internacional favorável ao país e ao ingresso significativo de moeda estrangeira.
No entanto a classificação do ranking das agências não corresponde ao preço dado pelo mercado. "É muito provável que, agora, a reavaliação da nota do Brasil venha antes das eleições", diz Nuno Câmara, economista do Dresdner Bank, que acompanha de Nova York os mercados emergentes.
Países como Colômbia, Peru e Panamá têm quase o mesmo nível de risco do Brasil e estão mais bem classificados no ranking internacional. "A melhora da nota brasileira, mesmo que um nível apenas, é importante porque, a cada nível que se avança, aumenta o leque de potenciais investidores", diz a economista Sandra Utsumi, do BES Investimento.
Outro ganho importante para o país, diz o economista Roberto Padovani, da consultoria Tendências, é que a redução do risco-país ajuda a atrair para o Brasil investidores externos que costumam comprar papéis de maior prazo. Com isso, eles ajudam a melhorar o perfil da dívida interna.


Colaborou a Reportagem Local

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