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Mercado avalia que risco-país deve cair
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de recomprar títulos
da dívida externa, especialmente
aqueles fruto da negociação que
se seguiu ao calote dos anos 80, reforça as apostas do governo numa
reavaliação da nota atribuída ao
Brasil pelas agências internacionais de risco antes das eleições e
deixa essas instituições no córner.
A estratégia anunciada pelo Tesouro Nacional somada à quitação da dívida com o FMI e outros
organismos estrangeiros e aos
bons desempenhos da economia
na área externa compõe uma lista
de motivos mais do que suficiente, na avaliação de especialistas do
mercado, para justificar uma melhora da nota brasileira.
No entanto, tradicionalmente,
as agências internacionais não
costumam reavaliar o grau atribuído às economias em ano eleitoral. O problema no caso específico do Brasil neste ano, segundo
especialistas no assunto, é que,
diante dos significativos avanços
nos indicadores econômicos, a
não reavaliação da nota brasileira
dá margem à interpretação de que
os aspectos políticos se sobrepõem aos técnicos nas análises
dessas instituições.
Atualmente, o patamar do risco-Brasil, que ontem fechou próximo dos 250 pontos, já incorpora
a melhora dos indicadores externos que tem sido combinada com
um cenário internacional favorável ao país e ao ingresso significativo de moeda estrangeira.
No entanto a classificação do
ranking das agências não corresponde ao preço dado pelo mercado. "É muito provável que, agora,
a reavaliação da nota do Brasil venha antes das eleições", diz Nuno
Câmara, economista do Dresdner
Bank, que acompanha de Nova
York os mercados emergentes.
Países como Colômbia, Peru e
Panamá têm quase o mesmo nível
de risco do Brasil e estão mais
bem classificados no ranking internacional. "A melhora da nota
brasileira, mesmo que um nível
apenas, é importante porque, a
cada nível que se avança, aumenta
o leque de potenciais investidores", diz a economista Sandra Utsumi, do BES Investimento.
Outro ganho importante para o
país, diz o economista Roberto
Padovani, da consultoria Tendências, é que a redução do risco-país
ajuda a atrair para o Brasil investidores externos que costumam
comprar papéis de maior prazo.
Com isso, eles ajudam a melhorar
o perfil da dívida interna.
Colaborou a Reportagem Local
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