São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

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Governo segue empresas ao se antecipar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a decisão de antecipar o pagamento de parte de sua dívida externa, o governo acompanha um movimento que já vinha sendo observado entre empresas brasileiras nos últimos anos.
Entre 2000 e 2005, a participação do setor privado na dívida externa total do Brasil registrou forte queda: de 51,5%, caiu para 36,8% em setembro passado, data em que foi divulgado o último dado oficial sobre o assunto.
Dois fatores ajudam a explicar esse movimento. Muitas empresas têm optado por quitar parte de seus compromissos assumidos no exterior em vez de refinanciá-los. Além disso, o próprio governo elevou muito a sua dívida, principalmente com empréstimos recebidos do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Em setembro, a dívida externa total do Brasil -soma das obrigações públicas e privadas- estava em US$ 183,151 bilhões.
O comportamento do setor privado se explica pelas condições de mercado. Com o dólar em queda, se reduz a quantidade de reais necessária para o pagamento das dívidas contraídas no exterior. Assim, torna-se mais vantajoso quitá-las do que renová-las.
Desde o final de 2005, essa estratégia passou a ser adotada, com mais intensidade, pelo governo. O BC e o Tesouro passaram a comprar parte dos dólares que entram no país para poder usar esse dinheiro no resgate antecipado de dívidas. Foi o que aconteceu no pagamento de US$ 15,5 bilhões feito ao FMI em dezembro de 2005, dois anos antes do vencimento total dessas obrigações.
Outros US$ 2,5 bilhões foram pagos ao chamado Clube de Paris, entidade que reúne países que renegociaram parte da dívida brasileira nos anos 80.
Uma das vantagens do resgate antecipado é a economia proporcionada nos gastos com juros. Se parte do endividamento deixa de existir, também desaparecem os encargos relacionados a ele.
Neste ano, governo e setor privado devem gastar US$ 14,8 bilhões com juros da dívida externa, segundo projeção do BC. Desse valor, US$ 5,7 bilhões serão pagos pelo Tesouro.
Além de antecipar o resgate de sua dívida, o governo tem usado dólares comprados diretamente no mercado de câmbio para pagar a dívida externa. Só em 2005, US$ 11,8 bilhões em recursos conseguidos no mercado foram usados pelo Tesouro no pagamento de seus compromissos.


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