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Governo segue empresas ao se antecipar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a decisão de antecipar o
pagamento de parte de sua dívida
externa, o governo acompanha
um movimento que já vinha sendo observado entre empresas brasileiras nos últimos anos.
Entre 2000 e 2005, a participação do setor privado na dívida externa total do Brasil registrou forte queda: de 51,5%, caiu para
36,8% em setembro passado, data
em que foi divulgado o último dado oficial sobre o assunto.
Dois fatores ajudam a explicar
esse movimento. Muitas empresas têm optado por quitar parte de
seus compromissos assumidos
no exterior em vez de refinanciá-los. Além disso, o próprio governo elevou muito a sua dívida,
principalmente com empréstimos recebidos do FMI (Fundo
Monetário Internacional).
Em setembro, a dívida externa
total do Brasil -soma das obrigações públicas e privadas- estava
em US$ 183,151 bilhões.
O comportamento do setor privado se explica pelas condições de
mercado. Com o dólar em queda,
se reduz a quantidade de reais necessária para o pagamento das dívidas contraídas no exterior. Assim, torna-se mais vantajoso quitá-las do que renová-las.
Desde o final de 2005, essa estratégia passou a ser adotada, com
mais intensidade, pelo governo. O
BC e o Tesouro passaram a comprar parte dos dólares que entram
no país para poder usar esse dinheiro no resgate antecipado de
dívidas. Foi o que aconteceu no
pagamento de US$ 15,5 bilhões
feito ao FMI em dezembro de
2005, dois anos antes do vencimento total dessas obrigações.
Outros US$ 2,5 bilhões foram
pagos ao chamado Clube de Paris,
entidade que reúne países que renegociaram parte da dívida brasileira nos anos 80.
Uma das vantagens do resgate
antecipado é a economia proporcionada nos gastos com juros. Se
parte do endividamento deixa de
existir, também desaparecem os
encargos relacionados a ele.
Neste ano, governo e setor privado devem gastar US$ 14,8 bilhões com juros da dívida externa,
segundo projeção do BC. Desse
valor, US$ 5,7 bilhões serão pagos
pelo Tesouro.
Além de antecipar o resgate de
sua dívida, o governo tem usado
dólares comprados diretamente
no mercado de câmbio para pagar a dívida externa. Só em 2005,
US$ 11,8 bilhões em recursos conseguidos no mercado foram usados pelo Tesouro no pagamento
de seus compromissos.
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