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GADO DOENTE
Anteontem, medida se restringia à Província onde foi detectada aftosa; oito países fecharam seus mercados
Brasil amplia veto a carne de toda a Argentina
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
O Brasil ampliou o embargo aos
produtos argentinos após a descoberta de um foco de febre aftosa
na Província de Corrientes, no
norte do país, a 25 km da fronteira
com o Paraguai e distante 280 km
do território brasileiro.
Anteontem, após o anúncio da
doença, o Ministério da Agricultura informou que estavam suspensas as importações de animais
suscetíveis à febre aftosa (bovinos, suínos, caprinos, ovinos e
bubalinos) e seus produtos da
Província onde foi detectado o foco, com exceção de carne maturada e desossada.
Mas o comunicado enviado ontem ao Senasa (órgão sanitário da
Argentina) pelo diretor do Departamento de Saúde Animal do ministério, Jorge Caetano, informou
que a proibição das importações
de animais suscetíveis à doença,
seus produtos e subprodutos,
com exceção de carne industrializada e sem osso, é válida para toda
a Argentina. Para produtos de
Corrientes, a proibição é total.
No complexo carnes da balança
comercial entre os dois países no
ano passado, o Brasil teve superávit de US$ 5,639 milhões. No setor
de lácteos, o saldo é de US$ 59,917
milhões para a Argentina.
O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, reafirmou
que as barreiras serão reforçadas
e que há R$ 16 milhões disponíveis para esse trabalho.
Maciel afirmou ainda que a
ocorrência de febre aftosa na Argentina pode ajudar o Brasil a reabrir mercados fechados com os
focos de Mato Grosso do Sul e Paraná detectados no ano passado.
A própria Argentina foi beneficiada pelos problemas do Brasil
em 2005. Com o embargo às carnes brasileiras, os chilenos se tornaram clientes dos argentinos.
Agora, eles suspenderam as compras do vizinho também.
Com o anúncio do foco em Corrientes, a Senasa contava ontem
oito países total ou parcialmente
fechados à compra de carne e derivados da Argentina. Israel e
África do Sul anunciaram ontem
que interromperão a importação
de carne e derivados da região
afetada. A Colômbia comunicou
que proibiu por seis meses a compra de carne bovina, caprina, suína e outras espécies de toda a zona norte do país. O Peru também
cessou a importação. O "Clarín"
afirmava ontem à noite que a Rússia, hoje principal comprador argentino, já fazia parte da lista, mas
não havia confirmação oficial até
o fechamento desta edição.
Ontem, a Senasa publicou resolução que considera o país em
"emergência sanitária" por causa
da doença. A medida dá mais poderes à entidade para contratar
serviços para o combate da aftosa.
O clima entre produtores e a entidade era tenso ontem, com troca
de acusações sobre responsabilidades no caso. Um grupo de exportadores escreveu à ministra da
Economia pedindo a redução dos
impostos de exportação de carne,
que subiram no ano passado.
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