São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

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GADO DOENTE

Anteontem, medida se restringia à Província onde foi detectada aftosa; oito países fecharam seus mercados

Brasil amplia veto a carne de toda a Argentina

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

O Brasil ampliou o embargo aos produtos argentinos após a descoberta de um foco de febre aftosa na Província de Corrientes, no norte do país, a 25 km da fronteira com o Paraguai e distante 280 km do território brasileiro.
Anteontem, após o anúncio da doença, o Ministério da Agricultura informou que estavam suspensas as importações de animais suscetíveis à febre aftosa (bovinos, suínos, caprinos, ovinos e bubalinos) e seus produtos da Província onde foi detectado o foco, com exceção de carne maturada e desossada.
Mas o comunicado enviado ontem ao Senasa (órgão sanitário da Argentina) pelo diretor do Departamento de Saúde Animal do ministério, Jorge Caetano, informou que a proibição das importações de animais suscetíveis à doença, seus produtos e subprodutos, com exceção de carne industrializada e sem osso, é válida para toda a Argentina. Para produtos de Corrientes, a proibição é total.
No complexo carnes da balança comercial entre os dois países no ano passado, o Brasil teve superávit de US$ 5,639 milhões. No setor de lácteos, o saldo é de US$ 59,917 milhões para a Argentina.
O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, reafirmou que as barreiras serão reforçadas e que há R$ 16 milhões disponíveis para esse trabalho.
Maciel afirmou ainda que a ocorrência de febre aftosa na Argentina pode ajudar o Brasil a reabrir mercados fechados com os focos de Mato Grosso do Sul e Paraná detectados no ano passado.
A própria Argentina foi beneficiada pelos problemas do Brasil em 2005. Com o embargo às carnes brasileiras, os chilenos se tornaram clientes dos argentinos. Agora, eles suspenderam as compras do vizinho também.
Com o anúncio do foco em Corrientes, a Senasa contava ontem oito países total ou parcialmente fechados à compra de carne e derivados da Argentina. Israel e África do Sul anunciaram ontem que interromperão a importação de carne e derivados da região afetada. A Colômbia comunicou que proibiu por seis meses a compra de carne bovina, caprina, suína e outras espécies de toda a zona norte do país. O Peru também cessou a importação. O "Clarín" afirmava ontem à noite que a Rússia, hoje principal comprador argentino, já fazia parte da lista, mas não havia confirmação oficial até o fechamento desta edição.
Ontem, a Senasa publicou resolução que considera o país em "emergência sanitária" por causa da doença. A medida dá mais poderes à entidade para contratar serviços para o combate da aftosa. O clima entre produtores e a entidade era tenso ontem, com troca de acusações sobre responsabilidades no caso. Um grupo de exportadores escreveu à ministra da Economia pedindo a redução dos impostos de exportação de carne, que subiram no ano passado.


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