|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO GLOBAL
imites englobam 60% das exportações do país asiático; setor considera entendimento "positivo mas insuficiente"
Acordo limita importação de têxtil da China
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Desenvolvimento e a China fecharam ontem
um acordo de restrição voluntária
de exportação de têxteis chineses
ao país. Foi o primeiro entendimento desde que foi publicado no
Brasil, em novembro, o decreto
5.556, que regulamentou a aplicação de salvaguardas contra o excesso de importação de produtos
chineses, depois de muita reclamação da indústria brasileira, que
acusou o governo de exagerar na
chamada "parceria estratégica"
com a China.
O acordo prevê que os próprios
chineses limitem o volume de
produtos embarcados para o Brasil. Foram fixados limites para oito categorias de têxteis, que somam cerca de 70 tipos diferentes
de produtos e equivalem a 60%
das importações do setor.
No caso do comércio de seda,
por exemplo, as exportações chinesas não poderão crescer mais
do que 9% em 2006 e 10% em
2008, com relação ao atual volume de comércio -os dados detalhados de 2005 ainda não foram
divulgados pelo governo. Cada
um dos 70 itens terá uma formula
semelhante, que o governo deve
divulgar hoje. O acordo só passa a
valer 30 dias depois de assinado
pelos ministros Luiz Fernando
Furlan e Bo Xilai (Comércio), em
data a ser fixada.
A Abit (Associação Brasileira da
Indústria Textil) considerou o
acordo "positivo e abrangente,
embora não suficiente". Segundo
a Abit, o ponto positivo é que o
acordo não elimina a possibilidade de utilizar as salvaguardas.
Segundo o secretário-executivo
do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, que está em Pequim, os EUA e a União Européia
assinaram acordos semelhantes
com a China. "Naqueles casos, o
percentual de cobertura foi inferior. No americano, de 45,8%; no
europeu, de 30% do comércio."
Ao assinar o acordo, o governo
brasileiro evita acionar as polêmicas salvaguardas, pelo menos nos
têxteis. A regulamentação do decreto 5.555 gerou discussão porque o governo preferia negociar
amigavelmente com a China, já
que tinha interesse em atrair investimentos e planos políticos estratégicos, como apoio para conseguir um assento permanente no
Conselho de Segurança da ONU.
Os investimentos acabaram não
acontecendo, nem o apoio político. O governo recebeu duras críticas. Tentou desvincular os interesses da política externa da agenda comercial e acabou regulamentando as salvaguardas.
Salvaguardas são instrumentos
de proteção comercial e podem
ser adotadas em forma de cotas de
importação ou aumento de tarifas. Elas servem para proteger as
indústrias nacionais quando fica
provado que há práticas desleais
de comércio por parte do exportador. Desde que o governo as regulamentou, recebeu cerca de 15
pedidos, mas até agora nenhuma
foi adotada.
Quando a China aderiu à OMC,
em 2004, os 148 membros da organização adquiriram o direito de
impor salvaguardas até o país se
tornar de fato uma economia de
mercado. A OMC deu prazo de 15
anos para a transição. Num gesto
político, porém, na visita do presidente Hu Jintao ao Brasil, em novembro de 2004, o Brasil se adiantou à OMC e reconheceu a China
como economia de mercado. Foi
quando a indústria começou a temer que o novo status dificultasse
o controle das importações.
Em 2005, as importações da
China aumentaram 44,27%, e as
exportações do Brasil cresceram
25,62%. Mesmo assim o Brasil teve superávit de US$ 1,5 bilhão.
Texto Anterior: Projeto conjunto contra aftosa não saiu do papel Próximo Texto: Lula afirma que não vai negociar de cabeça baixa Índice
|