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Volume exportado em 2006 tem menor alta em dez anos
Câmbio desfavorável limita expansão da quantidade vendida a 3,3%, o que torna exportação mais dependente do fator preço
Volume teve aumento de 9,3% no ano anterior; perda
de ritmo só não foi maior devido a produtos como o etanol, que cresceu 31%
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
Afetada especialmente pelo
câmbio desfavorável, a quantidade de bens exportados pelo
país no ano passado registrou a
menor variação em dez anos,
segundo dados da Funcex
(Fundação Centro de Estudos
do Comércio Exterior).
A expansão do índice que
aponta a quantidade vendida
(quantum) ficou em 3,3% em
2006, em tendência de queda
no ritmo iniciada há dois anos.
Em 2005, o volume subiu 9,3%,
e, no ano anterior, 19,2%.
A desaceleração eleva a dependência das exportações do
país ao fator preço e ajuda a explicar a tendência de perda de
fôlego verificada também no
total das vendas ao exterior.
No ano passado, o país totalizou US$ 137,47 bilhões em exportações, expansão de 16,2%
em relação a 2005, quando o
aumento atingiu 22,6%.
Já o índice de preços das exportações cresceu 12,5%.
Essa perda de ritmo tem se
revelado mais acentuada em
bens manufaturados e semimanufaturados, que, no país, costumam ser mais sensíveis ao
câmbio, por razões como custos de produção e demanda externa. Já produtos básicos revelam estabilidade no aumento
da quantidade negociada.
O volume exportado de bens
manufaturados cresceu só 2,1%
no ano passado, ante 11% em
2005 e 26,1% em 2004.
"Estamos cada vez mais dependentes das commodities. O
ideal seria diversificar a pauta
[de produtos vendidos], mas o
câmbio não ajuda", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A desaceleração na quantidade só não foi maior devido ao
crescimento em alguns bens,
como álcool etílico, cujo índice
de quantum subiu 31,3% em
2006. É o que pode levar também a uma recuperação neste
ano, na avaliação de Carlos Urso, da LCA Consultores.
Ele prevê que o quantum suba 5,6% neste ano. Além do álcool, ele cita derivados do ferro
como produtos que devem causar a alta, até devido a uma base
favorável. No primeiro semestre de 2006, a paralisação da
produção de um alto-forno da
CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) afetou as vendas.
A recuperação, porém, não é
consensual entre analistas.
Guilherme Loureiro, da consultoria Tendências, diz projetar um "cenário de continuidade da desaceleração do quantum e de arrefecimento do preço, que não deve ter neste ano o
mesmo efeito [nas vendas ao
exterior] que em 2006".
Segundo ele, um equilíbrio
maior na relação entre oferta e
demanda e uma expansão menor no comércio mundial podem levar a tais cenários.
Nos semimanufaturados, a
desaceleração na quantidade
tem sido compensada pelo preço, mas o efeito é limitado para
os manufaturados, cujo ritmo
de alta nas vendas totais caiu de
23% para 14,7% em 2006.
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