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Preços já afetam aumento das exportações de básicos
Queda de commodities leva à desaceleração do ritmo de vendas ao longo de 2006
Valores de bens exportados como um todo continuam a crescer a taxas elevadas; economia dos EUA deve impactar ritmo em 2007
DA REDAÇÃO
Os preços dos bens exportados subiram 12,5% em 2006 e
deram sinais de que podem ter
deixado de acelerar. Ao longo
do ano, o índice de preços se
manteve com alta na casa de
12%, e a variação não superou
0,4 ponto percentual na média
do acumulado em 12 meses.
Para analistas, não chega a
ser uma notícia preocupante,
uma vez que o crescimento se
dá em patamares elevados. Mas
aponta para um efeito menor
da demanda nos preços.
"Houve um momento de deslocamento da demanda causado pela China no início da década. Mas os preços tendem a
crescer em um ritmo menor, na
medida em que a demanda é
atendida", avalia Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
As cotações de commodities
começaram a cair na segunda
metade de 2006. Elas tiveram
em janeiro seu maior tombo
em cinco anos, segundo o índice CRB Reuters/Jefferies, referência para o mercado, composto por 19 produtos. A taxa
anualizada recuou 13,61%.
O índice, porém, encobre
movimentos distintos. O barril
do petróleo, por exemplo, caiu
mais de 22% em Nova York nos
últimos seis meses, enquanto
commodities agrícolas como
açúcar, soja e milho estão em
movimento ascendente.
Essa distinção -e o fato de
que muitos contratos são fechados com meses de antecedência- ajuda a entender resultados díspares na análise
por classe de produtos.
Os básicos desaceleram. Em
abril passado, na média móvel
de 12 meses, a expansão dos
preços chegou a 18,3%. Mas,
após oito meses de queda no
ritmo, a alta era de 9,4%.
Analistas dizem que é prematuro dizer que existe uma
tendência. Mas os reflexos da
desaceleração do preço nas exportações de básicos já se fazem notar, até porque o índice
de quantum está estável.
Em março de 2006, as vendas
de produtos básicos ao exterior
subiram 28,6% no acumulado
de 12 meses. O percentual decresceu ao longo do ano, até
atingir 16% em dezembro.
Na contramão, os preços de
semimanufaturados subiram
18,1%, ante 11,8% de 2005.
"Foi uma alta concentrada
em poucos produtos, que estão
com demanda elevada. É o caso
de açúcar, celulose e bens siderúrgicos", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
Para 2007, o desempenho da
economia norte-americana será decisiva para os preços.
Carlos Urso, da LCA, diz que
a desaceleração dos EUA pode
levar a um deslocamento das
exportações chinesas a outros
países, inclusive da América
Latina, com preços mais baixos. Nesse caso, ele prevê que a
variação do índice de preços
cairia para 4% em 2007.
Roberto Padovani, estrategista-sênior de investimentos
para a América Latina do banco
WestLB, diz que, mesmo que a
economia americana não desacelere como apontam as projeções, a variação dos preços das
exportações não deve repetir as
magnitudes dos últimos anos.
(MARCELO SAKATE)
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