São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Preços já afetam aumento das exportações de básicos

Queda de commodities leva à desaceleração do ritmo de vendas ao longo de 2006

Valores de bens exportados como um todo continuam a crescer a taxas elevadas; economia dos EUA deve impactar ritmo em 2007


DA REDAÇÃO

Os preços dos bens exportados subiram 12,5% em 2006 e deram sinais de que podem ter deixado de acelerar. Ao longo do ano, o índice de preços se manteve com alta na casa de 12%, e a variação não superou 0,4 ponto percentual na média do acumulado em 12 meses.
Para analistas, não chega a ser uma notícia preocupante, uma vez que o crescimento se dá em patamares elevados. Mas aponta para um efeito menor da demanda nos preços.
"Houve um momento de deslocamento da demanda causado pela China no início da década. Mas os preços tendem a crescer em um ritmo menor, na medida em que a demanda é atendida", avalia Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
As cotações de commodities começaram a cair na segunda metade de 2006. Elas tiveram em janeiro seu maior tombo em cinco anos, segundo o índice CRB Reuters/Jefferies, referência para o mercado, composto por 19 produtos. A taxa anualizada recuou 13,61%.
O índice, porém, encobre movimentos distintos. O barril do petróleo, por exemplo, caiu mais de 22% em Nova York nos últimos seis meses, enquanto commodities agrícolas como açúcar, soja e milho estão em movimento ascendente.
Essa distinção -e o fato de que muitos contratos são fechados com meses de antecedência- ajuda a entender resultados díspares na análise por classe de produtos.
Os básicos desaceleram. Em abril passado, na média móvel de 12 meses, a expansão dos preços chegou a 18,3%. Mas, após oito meses de queda no ritmo, a alta era de 9,4%.
Analistas dizem que é prematuro dizer que existe uma tendência. Mas os reflexos da desaceleração do preço nas exportações de básicos já se fazem notar, até porque o índice de quantum está estável.
Em março de 2006, as vendas de produtos básicos ao exterior subiram 28,6% no acumulado de 12 meses. O percentual decresceu ao longo do ano, até atingir 16% em dezembro.
Na contramão, os preços de semimanufaturados subiram 18,1%, ante 11,8% de 2005.
"Foi uma alta concentrada em poucos produtos, que estão com demanda elevada. É o caso de açúcar, celulose e bens siderúrgicos", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
Para 2007, o desempenho da economia norte-americana será decisiva para os preços.
Carlos Urso, da LCA, diz que a desaceleração dos EUA pode levar a um deslocamento das exportações chinesas a outros países, inclusive da América Latina, com preços mais baixos. Nesse caso, ele prevê que a variação do índice de preços cairia para 4% em 2007.
Roberto Padovani, estrategista-sênior de investimentos para a América Latina do banco WestLB, diz que, mesmo que a economia americana não desacelere como apontam as projeções, a variação dos preços das exportações não deve repetir as magnitudes dos últimos anos.
(MARCELO SAKATE)


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