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China tira espaço de bens do Brasil no mercado argentino
Participação de TVs brasileiras nas importações da Argentina diminuiu de 88% para 35%; a da China subiu de 1% para 35%
Compra de produtos chineses pelo país vizinho cresceu 159% nos últimos seis anos; as importações do Brasil tiveram alta de 82%
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de enfrentar a concorrência de importados chineses
no mercado doméstico, setores
da indústria nacional perdem
espaço para a China na vizinha
Argentina, principal sócia do
Brasil no Mercosul.
As vendas do país asiático para a Argentina cresceram nos
últimos seis anos 159%, quase o
dobro das realizadas pelo Brasil
-82%. Nesse período, as importações totais argentinas subiram 35%, para US$ 34,16 bilhões em 2006.
A partir de 2002, auge da crise argentina, as importações de
bens brasileiros cresceram a
uma média anual de 49%, enquanto as de chineses subiram
em média 76,8% ao ano.
Mesmo assim, o Brasil continua a ocupar o primeiro lugar
entre os fornecedores do país,
com participação de 34,3% do
total no ano passado. A China
aparece em terceiro lugar, atrás
dos Estados Unidos, com uma
fatia de 9,23%. Mas, enquanto a
participação do Brasil registrou
pequena queda em relação ao
ano anterior, quando foi de
34,56%, a da China subiu -havia sido de 7,92% em 2005.
Estudo da consultoria
abeceb.com mostra que em alguns produtos houve uma evidente substituição de importados brasileiros por chineses no
período de 2003 a 2006.
Mauricio Claverí, economista da entidade, afirma que esse
movimento ocorreu de maneira acentuada nas compras de
eletrônicos, bens de capital,
manufaturados de plástico,
produtos farmacêuticos, calçados e brinquedos.
Em 2003, os televisores brasileiros representaram 88% das
importações argentinas do produto, e os chineses, 1%. Três
anos depois, a participação do
Brasil caiu para 35%, mesmo
índice obtido pela China.
No caso de impressoras laser,
a entrada de importados chineses varreu os concorrentes brasileiros do mercado. A fatia do
país asiático nesse segmento
saltou de 14% para 90% entre
2003 e 2006. No mesmo período, a participação brasileira
caiu de 73% para zero.
Alvo de cotas de importações
adotadas nos últimos dois anos,
os calçados brasileiros também
perderam terreno: sua presença nas compras argentinas caiu
de 79,6%, em 2003, para 59,6%
no ano passado. Já os chineses
passaram de 12% para 25,6%.
Segundo Claverí, a maior
participação das importações
da China ocorre principalmente com o prejuízo das compras
do Brasil. "Há grande semelhança entre o que a Argentina
importa do Brasil e da China."
Mas os Estados Unidos também viram sua presença diminuir e devem ser ultrapassados
pela China em breve no ranking dos maiores fornecedores
da Argentina. Em 2006, as importações de produtos norte-americanos somaram US$ 4,11
bilhões, o equivalente a 12% do
total. No ano anterior, o valor
foi de US$ 4,49 bilhões -15%
das importações da Argentina.
Do lado brasileiro, as compras crescentes de produtos
chineses desbancaram a Argentina do tradicional posto de
segundo maior fornecedor do
Brasil. Nos últimos 12 meses
encerrados em janeiro, as importações da China somaram
US$ 8,30 bilhões, e as da Argentina, US$ 8,13 bilhões.
Mas as compras de produtos
chineses têm tirado mercado
principalmente dos bens norte-americanos. Os EUA se
mantêm na liderança dos fornecedores brasileiros, mas sua
fatia do total caiu de 21,78%, em
2002, para 16,07%, em 2006,
quando as importações do país
somaram US$ 14,7 bilhões.
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