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União Europeia sinaliza que prepara socorro à Grécia
Indícios de ajuda animam mercados; dúvida é sobre a forma como se daria o apoio
Expectativa é que
presidentes e premiês dos
27 países da UE discutam
crise grega em reunião
amanhã em Bruxelas
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A União Europeia deu indícios ontem de que deve oferecer algum tipo de apoio à Grécia em sua tentativa de reduzir
o deficit orçamentário e superar a crise de confiança que disseminou temores de declaração de moratória. A questão é
que forma tomaria esse apoio.
O presidente da Comissão
Europeia, o português José
Manuel Durão Barroso, ecoou
os governos dos países na linha
de tiro (além da Grécia, Portugal, Espanha e Itália) e atribuiu
a turbulência atual a um ataque
especulativo contra o euro.
Presidentes e premiês dos 27
países do bloco se reúnem informalmente amanhã em Bruxelas para debater uma estratégia econômica para os próximos anos. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, anunciou que
participará do encontro, o que é
incomum em eventos do tipo.
A notícia animou os mercados por ter sido entendida como sinal de que a crise da dívida
nos países mediterrâneos estará em discussão. A Bovespa subiu 2,5% (leia à pág. B6).
"A situação difícil na Grécia é
objeto de preocupação comum
para a zona do euro", disse ontem o comissário europeu para
Questões Econômicas e Monetárias, Joaquin Almunía, ao
Parlamento Europeu. "Há graves riscos de contágio."
Almunía -que, com a posse
da nova Comissão Europeia
hoje, será substituído pelo finlandês Olli Rehn- exortou os
governos a apoiarem a proposta grega de cortes no Orçamento, que prevê reduzir o deficit
dos atuais 12,7% para abaixo do
teto de 3% fixado pela UE até
2013. Mas disse que há riscos e
pediu à comissão firmeza ao cobrar dos países-membros que
cumpram suas obrigações.
Analistas ouvidos pela Folha
questionam a viabilidade do
plano grego, que se baseia em
projeção de crescimento otimista demais, além de prever
medidas impopulares como
cortes na folha do funcionalismo e aumentos de impostos.
Caso a moratória se torne
iminente, no entanto, há consenso de que a UE acorrerá para evitar um efeito dominó que
ponha em risco o euro.
Mas o Tratado de Maastricht, que serve de estatuto
econômico ao bloco, veta operação de socorro nos moldes
tradicionais. Por isso economistas defendem a possibilidade de a Grécia recorrer ao FMI,
que já tem mecanismos azeitados de socorro.
Almunía ontem foi enfático
ao dizer, segundo agências de
notícias, que a UE "não precisa
chamar o FMI": "Temos instrumentos suficientes no Tratado para lidar com uma situação como enfrentamos neste
momento na Grécia". A declaração indica como o tema vai
além da questão econômica e
entra na esfera do orgulho para
os governos europeus, a maioria dos quais vê aí um atestado
de que não deram conta de resolverem seus problemas.
Ainda assim, a ideia ganha
adeptos entre governos da UE
que não usam o euro -segundo
o "Financial Times", Reino
Unido e Suécia já a encamparam, o que prenuncia racha.
Uma alternativa ao FMI seria países-membros oferecerem empréstimos diretos a
Atenas. Outra, a criação de um
Fundo Monetário Europeu.
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