São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com aumento no preço, consumo de álcool cai 25%

Diante de reajuste de 15% desde dezembro, consumidor volta a utilizar gasolina

Tendência no ano passado foi a inversa, aponta ANP; etanol registrou avanço de 16,5% e impediu retração no setor de combustíveis


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Na esteira da recente disparada dos preços, o consumo de álcool caiu 25% em janeiro deste ano, apesar de as vendas do combustível terem registrado um crescimento recorde em 2009, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
O consumo de álcool no país cresceu 16,5% no ano passado. O bom desempenho impediu uma retração do mercado de combustíveis, que, mesmo abatido pela crise, avançou 2,7% em 2009.
Já no início de 2010, o cenário mudou e as vendas de álcool caíram porque abastecer com o produto deixou de ser vantajoso em quase todos os Estados, depois de o produto subir 15% nas bombas dos postos desde meados de dezembro.
Diante desse aumento, o consumidor voltou a utilizar a gasolina. Ao longo de 2009, a tendência era justamente a inversa: havia uma migração da gasolina para o álcool, que resultou numa expansão de apenas 0,9% nas vendas do derivado de petróleo no ano passado.
Com isso, as vendas de álcool superaram, pelo segundo ano seguido, as de gasolina em 2009 -22,8 bilhões de litros, contra 19,1 bilhões.
Segundo Dirceu Amorelli Jr., superintendente de Abastecimento da ANP, neste ano o consumidor viu que o preço do álcool já não mais corresponde a 70% do valor da gasolina e passou a consumir mais gasolina. Esse percentual é considerado o teto máximo para o preço álcool se manter competitivo em relação ao da gasolina, combustível que tem um rendimento maior. "O carro flex permite essa migração e o consumidor está atento aos preços."
Os preços do álcool, afirma Amorelli, subiram em razão da entressafra mais severa da cana-de-açúcar neste ano e das fortes chuvas que atrapalharam a colheita no final de 2009. Com isso, a oferta ficou escassa e os preços subiram.
O superintendente disse acreditar, porém, "numa normalização do mercado" já nas próximas semanas graças à redução da mistura do produto à gasolina e ao início da nova safra da cana. Diante da alta dos preços, o governo diminuiu a percentual de adição de álcool à gasolina de 25% para 20% de fevereiro a abril.
Apesar da queda "temporária" do consumo de álcool, Amorelli crê na expansão do mercado de etanol e na constituição, por parte de produtores e distribuidores, de estoques estratégicos do produto que evitem problemas no abastecimento durante a entressafra.
"Com a demanda crescente, os empresários estão estimulados a investir, inclusive em estoques", disse Amorelli.
Se os combustíveis automotivos "salvaram" o desempenho do setor em 2009, o mesmo não se pode dizer dos voltados à indústria e à movimentação de cargas. O consumo de diesel caiu 1% em 2009 -o combustível é o mais vendido do país.
Segundo Alan Kardec Duailibe, diretor da ANP, o desempenho do setor "foi extraordinário" diante do impacto da crise, que se restringiu aos produtos destinados à indústria. É o caso do óleo combustível, cujo consumo caiu 3,2%.


Texto Anterior: Cimento: CSN pede a Cade suspensão de negócio Cimpor-Votorantim
Próximo Texto: Fraudadores usam produto cancerígeno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.