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Com aumento no preço, consumo de álcool cai 25%
Diante de reajuste de 15% desde dezembro, consumidor volta a utilizar gasolina
Tendência no ano passado foi a inversa, aponta ANP; etanol registrou avanço de 16,5% e impediu retração no setor de combustíveis
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Na esteira da recente disparada dos preços, o consumo de
álcool caiu 25% em janeiro deste ano, apesar de as vendas do
combustível terem registrado
um crescimento recorde em
2009, segundo a ANP (Agência
Nacional do Petróleo).
O consumo de álcool no país
cresceu 16,5% no ano passado.
O bom desempenho impediu
uma retração do mercado de
combustíveis, que, mesmo abatido pela crise, avançou 2,7%
em 2009.
Já no início de 2010, o cenário mudou e as vendas de álcool
caíram porque abastecer com o
produto deixou de ser vantajoso em quase todos os Estados,
depois de o produto subir 15%
nas bombas dos postos desde
meados de dezembro.
Diante desse aumento, o
consumidor voltou a utilizar a
gasolina. Ao longo de 2009, a
tendência era justamente a inversa: havia uma migração da
gasolina para o álcool, que resultou numa expansão de apenas 0,9% nas vendas do derivado de petróleo no ano passado.
Com isso, as vendas de álcool
superaram, pelo segundo ano
seguido, as de gasolina em
2009 -22,8 bilhões de litros,
contra 19,1 bilhões.
Segundo Dirceu Amorelli Jr.,
superintendente de Abastecimento da ANP, neste ano o
consumidor viu que o preço do
álcool já não mais corresponde
a 70% do valor da gasolina e
passou a consumir mais gasolina. Esse percentual é considerado o teto máximo para o preço álcool se manter competitivo em relação ao da gasolina,
combustível que tem um rendimento maior. "O carro flex permite essa migração e o consumidor está atento aos preços."
Os preços do álcool, afirma
Amorelli, subiram em razão da
entressafra mais severa da cana-de-açúcar neste ano e das
fortes chuvas que atrapalharam a colheita no final de 2009.
Com isso, a oferta ficou escassa
e os preços subiram.
O superintendente disse
acreditar, porém, "numa normalização do mercado" já nas
próximas semanas graças à redução da mistura do produto à
gasolina e ao início da nova safra da cana. Diante da alta dos
preços, o governo diminuiu a
percentual de adição de álcool à
gasolina de 25% para 20% de
fevereiro a abril.
Apesar da queda "temporária" do consumo de álcool,
Amorelli crê na expansão do
mercado de etanol e na constituição, por parte de produtores
e distribuidores, de estoques
estratégicos do produto que
evitem problemas no abastecimento durante a entressafra.
"Com a demanda crescente,
os empresários estão estimulados a investir, inclusive em estoques", disse Amorelli.
Se os combustíveis automotivos "salvaram" o desempenho
do setor em 2009, o mesmo não
se pode dizer dos voltados à indústria e à movimentação de
cargas. O consumo de diesel
caiu 1% em 2009 -o combustível é o mais vendido do país.
Segundo Alan Kardec Duailibe, diretor da ANP, o desempenho do setor "foi extraordinário" diante do impacto da crise,
que se restringiu aos produtos
destinados à indústria. É o caso
do óleo combustível, cujo consumo caiu 3,2%.
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