São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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CUSTO DE VIDA
Puxado pela alta dos preços no atacado, o IGP-DI é o maior desde março de 97; FGV projeta até 15% no ano
País inicia ano com inflação de 1,15%

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio


O primeiro índice nacional de inflação deste ano identificou em janeiro a maior alta média dos preços em quase dois anos.
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da Fundação Getúlio Vargas foi de 1,15%, o maior desde março de 97.
O índice -influenciado pelo aumento de 1,58% dos preços no atacado- é o primeiro a captar, em nível nacional, o impacto sobre os preços da desvalorização do real, a partir de 13 de janeiro.
A FGV prevê para o ano inflação de 12% a 15%, com pico de até 3% ao mês em fevereiro e março, o que levaria a taxa no primeiro trimestre a cerca de 8%.
Se o índice de janeiro fosse anualizado, a taxa seria de 14,7%.
De acordo com Paulo Sidnei Cota, chefe do Centro de Estudos de Preços da FGV, a tendência é que, após a aceleração forçada pela alta do dólar, a subida dos preços seja contida pela recessão.
A inflação de janeiro foi 0,17 ponto percentual maior que o índice de 0,98% registrado em dezembro e 0,27 ponto acima do número de janeiro do ano passado (0,88%). A taxa acumulada em 12 meses saltou de 1,70% em dezembro para 1,97% em janeiro.
Cota disse que o índice de janeiro já sofreu pressão decorrente da desvalorização do real, especialmente nos produtos industriais no atacado. Eles aumentaram 1,82%, contra 0,26% em janeiro de 98.
Cota disse que alguns insumos industriais tiveram peso maior na inflação de janeiro: minério de cobre subiu 46,9%; o enxofre bruto, 27,3%; e o minério de alumínio (bauxita), 17,1%.
De acordo com o técnico da FGV, essas altas terão impacto nos preços dos produtos finais ao consumidor em fevereiro e março. Ele disse ainda que a própria alta dos insumos foi captada apenas parcialmente no índice de janeiro.
Também entre os insumos agrícolas, a alta de preços aponta para aumento dos produtos finais. Os herbicidas subiram 27,3%, e os inseticidas, 15,3%.
Os preços ao consumidor medidos pelo IPC subiram 0,64% em janeiro, 0,55 ponto percentual acima da variação de dezembro. A maior pressão veio do grupo alimentação, com alta de 1,65%, contra 0,13% no mês anterior.
Ainda entre os preços no varejo, o grupo educação, leitura e recreação também pressionou a alta de preços, com variação positiva de 1,13%, contra 0,05% no mês anterior. O grupo transporte foi o terceiro que mais subiu em janeiro, com alta total de 1%.
O INCC, terceiro dos que compõem o IGP, apresentou em janeiro uma alta de 0,55%, contra 0,05% no mês anterior. Os materiais e serviços subiram 0,61%, contra 0,48% da mão-de-obra.


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