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CUSTO DE VIDA
Puxado pela alta dos preços no atacado, o IGP-DI é o maior desde março de 97; FGV projeta até 15% no ano
País inicia ano com inflação de 1,15%
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O primeiro índice nacional de
inflação deste
ano identificou
em janeiro a
maior alta média dos preços
em quase dois
anos.
O IGP-DI (Índice Geral de Preços
- Disponibilidade Interna) da Fundação Getúlio Vargas foi de 1,15%,
o maior desde março de 97.
O índice -influenciado pelo aumento de 1,58% dos preços no atacado- é o primeiro a captar, em
nível nacional, o impacto sobre os
preços da desvalorização do real, a
partir de 13 de janeiro.
A FGV prevê para o ano inflação
de 12% a 15%, com pico de até 3%
ao mês em fevereiro e março, o que
levaria a taxa no primeiro trimestre a cerca de 8%.
Se o índice de janeiro fosse anualizado, a taxa seria de 14,7%.
De acordo com Paulo Sidnei Cota, chefe do Centro de Estudos de
Preços da FGV, a tendência é que,
após a aceleração forçada pela alta
do dólar, a subida dos preços seja
contida pela recessão.
A inflação de janeiro foi 0,17
ponto percentual maior que o índice de 0,98% registrado em dezembro e 0,27 ponto acima do número de janeiro do ano passado
(0,88%). A taxa acumulada em 12
meses saltou de 1,70% em dezembro para 1,97% em janeiro.
Cota disse que o índice de janeiro
já sofreu pressão decorrente da
desvalorização do real, especialmente nos produtos industriais no
atacado. Eles aumentaram 1,82%,
contra 0,26% em janeiro de 98.
Cota disse que alguns insumos
industriais tiveram peso maior na
inflação de janeiro: minério de cobre subiu 46,9%; o enxofre bruto,
27,3%; e o minério de alumínio
(bauxita), 17,1%.
De acordo com o técnico da FGV,
essas altas terão impacto nos preços dos produtos finais ao consumidor em fevereiro e março. Ele
disse ainda que a própria alta dos
insumos foi captada apenas parcialmente no índice de janeiro.
Também entre os insumos agrícolas, a alta de preços aponta para
aumento dos produtos finais. Os
herbicidas subiram 27,3%, e os inseticidas, 15,3%.
Os preços ao consumidor medidos pelo IPC subiram 0,64% em janeiro, 0,55 ponto percentual acima
da variação de dezembro. A maior
pressão veio do grupo alimentação, com alta de 1,65%, contra
0,13% no mês anterior.
Ainda entre os preços no varejo,
o grupo educação, leitura e recreação também pressionou a alta de
preços, com variação positiva de
1,13%, contra 0,05% no mês anterior. O grupo transporte foi o terceiro que mais subiu em janeiro,
com alta total de 1%.
O INCC, terceiro dos que compõem o IGP, apresentou em janeiro uma alta de 0,55%, contra 0,05%
no mês anterior. Os materiais e
serviços subiram 0,61%, contra
0,48% da mão-de-obra.
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