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LUÍS NASSIF
A bola está com FHC
É importante que os próximos dias e o feriado de Carnaval sejam adequadamente utilizados para que todos esfriem
a cabeça e para que se montem
as bases de um pacto nacional
que permita a superação dos
problemas atuais. Não dá para
carregar mais a agenda, paralisando toda ação de governo,
em um momento em que a
questão cambial exige prioridade absoluta.
A responsabilidade maior
repousa nas costas do próprio
FHC. Sair apagando incêndio
todo dia, sem um plano de vôo
adequado, serve apenas para
consumir energias sem trazer
soluções. E ainda se está apenas no começo dessa batalha
da estabilização cambial.
Os números iniciais do acordo renegociado com o Fundo
Monetário Internacional
(FMI) mais uma vez demonstram inconsistência técnica ou
miopia política. Para o Fundo
exigir 4% de superávit fiscal,
significa que está trabalhando
com hipóteses de juros elevados. E as expectativas do mercado não comportam manutenção de taxas elevadas por
muito tempo.
Seria conveniente a quem se
limita a dizer que a única saída são juros altos que explicasse de que maneira se administrarão as expectativas de mercado e os temores de "default"
com crescimento dos passivos.
O mais relevante, nos próximos dias, será o presidente retomar a iniciativa política. A
política não comporta o vácuo. E a falta de iniciativa em
diversas frentes começa a passar a sensação perigosa de ausência de governo.
FHC tem a seu favor o agravamento da crise, que tem tornado a própria oposição mais
moderada. No entanto, temas
como pacto social podem ser
levantados, mas desde que em
bases concretas e legítimas. E
aí a iniciativa do presidente é
insubstituível. Ficando onde
está, nessa cantilena interminável de que cortes e mais cortes, por si, irão resolver a questão da crise, será condenar toda a nação ao imobilismo.
Residirá na habilidade de
FHC em pensar um novo desenho de política econômica que
incorpore novos atores políticos o reencontro do país com a
tranquilidade que lhe permita
atravessar inteiro os próximos
meses.
Pássaro azul
Sugere-se a FHC que no Carnaval leve na bagagem o plano
de governo de sua coligação
-"Premissas e Projeções para
um Programa de Governo",
apresentado pelo PFL à coligação "União, Trabalho e Progresso", que o elegeu. É livro de
490 páginas, de setembro de
1998. Especial atenção às páginas da 48 em diante, que falam no encontro de contas do
setor público. Além de um programa de governo pronto,
FHC levará de lambuja a fórmula para resolver a crise com
os Estados.
Câmbio
É grave a informação divulgada pelo repórter Vicente
Nunes, da "Gazeta Mercantil", de que fiscais do Banco
Central estariam investigando
a atuação de três bancos que,
dois dias antes da mudança da
banda cambial, adquiriram
US$ 5 bilhões, com o dólar a
R$ 1,20 -no período entre a
decisão (não o anúncio) da
saída de Gustavo Franco e a
mudança cambial.
Por mais que a política cambial estivesse fazendo água, e
mudanças cambiais já fossem
previstas, ninguém faria aposta de vida e morte como essa,
dois dias antes da mudança,
baseado apenas em análises
ou "feeling".
Fronteira
No Uruguai, a maior rede de
supermercados demitiu mil
funcionários esta semana -o
equivalente a uma Ford demitindo 10 mil no Brasil. Inverteu-se completamente o movimento da fronteira, com uruguaios, paraguaios e argentinos indo comprar do lado brasileiro, inclusive carne que, pela primeira vez em muito tempo, ficou mais barata que a dos
países vizinhos.
É questão de tempo para que
suas moedas acompanhem a
desvalorização do real.
Leon Feffer
Morto domingo, o empresário Leon Feffer foi um paradigma para o país. Imigrante russo, sua obsessão pela inovação
e pela pesquisa, a análise objetiva das condições nacionais
de clima e solo, legaram ao
Brasil competitividade única
em um dos setores mais importantes da economia nacional:
papel e celulose.
Qualquer levantamento
competente o relacionará entre os cinco ou dez empresários
brasileiros mais importantes
do século.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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