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Senador pede meta de
inflação maior em 2006
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O líder do governo no Congresso, senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), defendeu a flexibilização
do regime de metas de inflação,
dizendo que o BC (Banco Central)
deveria ter em 2006 como objetivo central uma taxa de 5,5% -ou
1 ponto percentual a mais do que
a meta prevista, de 4,5%.
Em apresentação no Fórum Nacional, no Rio, Mercadante disse
que a alteração, já defendida por
ele no âmbito do governo no ano
passado, permitiria ao país perseguir de forma mais adequada o
"crescimento sustentável" e gerar
mais empregos. Em sua proposta,
o intervalo de tolerância de 2,5
pontos percentuais seria mantido. O limite máximo a ser perseguido pelo BC chegaria a 8%.
Presente ao mesmo evento, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), disse que o governo
não cogita mudar a meta de 2006.
"Ninguém nem está propondo
[isso agora], em junho vamos discutir a meta de 2007." Em julho, o
CMN (Conselho Monetário Nacional) definirá a meta de 2007. A
de 2006 foi definida em 2004.
Palocci defendeu a política monetária, embora tenha reconhecido que ela pressiona o endividamento do país em razão do aumento dos juros: "Esse é um impacto [negativo da política monetária], mas há um pior, o da inflação na renda das famílias e no
crescimento. O problema da política monetária é que ou ela faz o
ajuste ou a inflação faz, cortando a
renda das pessoas mais pobres".
O ministro declarou ainda que
não há um pacote de medidas alternativas para controlar a inflação. E explicou as declarações do
presidente Lula sobre o assunto:
"Não há nenhum pacote de medidas. O que o presidente ressaltou
[na semana passada] é que há importantes instrumentos de política econômica que se ajudam, auxiliares à política monetária, como a política fiscal e como essa
questão que eu falei da telefonia
[elaboração de novos contratos
com indicadores setoriais e não
mais o IGP-DI]". Segundo o ministro, não "há coelhos na cartola" para conter a inflação.
Erro do governo
Na defesa de uma meta mais flexível, Mercadante disse que o governo errou ao fixar uma meta de
4,5% para este ano mesmo sem
ter cumprido o objetivo de 2004, o
que o obrigou a ajustá-la no curso
deste ano -para 5,1%.
"Olhando para a história, é uma
meta bastante ambiciosa. Só em
dois anos o país conseguiu taxas
menores do que essa: em 1946,
com o governo Dutra "queimando reservas" e em 1998, às vésperas
da "crise especulativa"."
Ao defender a mudança, Mercadante afirmou que ela permitirá
que a inflação atual se acomode
"num período mais longo" para o
patamar pretendido, o que possibilitaria caminhar de modo mais
tranqüilo para um cenário de
crescimento sustentável com recuperação do emprego.
Para compensar a adoção de
uma meta mais flexível, ele defende maior rigidez fiscal. "Temos de
fazer bastante esforço fiscal, que é
nosso grande desafio, especialmente nas contas da Previdência,
na quais há bastante margem."
Pastore discorda
Também durante apresentação
no fórum, o economista Affonso
Celso Pastore discordou de Mercadante, afirmando que muitas
vezes uma "maior carga de política fiscal possibilita uma menor
carga (juros mais altos)" de política monetária, sem a necessidade
de alterar as metas de inflação.
Na defesa de elevados superávits fiscais, Pastore diz que a relação dívida/PIB no Brasil ainda é
muito alta -na casa de 51%, segundo ele- e que só sucessivos
esforços fiscais por longos períodos permitirão a redução do indicador e a conseqüente queda do
risco Brasil. Citou o exemplo de
México e Chile, que trabalharam
para ter altos superávits e obtiveram grau de investimento em
suas avaliações de risco. No México, a relação dívida/PIB é de 20%.
No Chile, de 7%.
(CT e PS)
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