São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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BALANÇOS

Aumento das operações de crédito e juro maior elevam ganho para R$ 1,2 bi

Lucro do Bradesco dobra e bate o do Itaú no 1º trimestre

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 1,205 bilhão no primeiro trimestre do ano, quase o dobro (98,03% além) do obtido no mesmo período de 2004.
O resultado foi superior ao anunciado pelo rival Itaú -campeão de lucro em 2004-, que teve lucro líquido de R$ 1,141 bilhão no período. O Unibanco divulga seu balanço na quinta-feira.
"O Bradesco surpreendeu. Ninguém esperava que batesse o Itaú", diz Gustavo Pedreira, analista financeiro da ABM Risk. O lucro do Bradesco no primeiro trimestre foi o terceiro maior da história dos bancos no período.
Pesquisa feita pela Reuters com analistas financeiros previa que o Bradesco lucrasse algo em torno de R$ 1,06 bilhão no trimestre.
Em todo 2004, o Bradesco contabilizou lucro de R$ 3,06 bilhões.
Como no ano passado, o aumento das operações de crédito foi fundamental para o desempenho do banco. "Observamos no trimestre a continuação da tendência de crescimento do crédito, em particular da pessoa física", afirmou Márcio Cypriano, presidente do Bradesco.
As operações de crédito foram responsáveis por 31% do resultado anunciado pela instituição.
A carteira de crédito do Bradesco subiu de R$ 54,894 bilhões, no fim de março de 2004, para R$ 65,979 bilhões, um ano depois.

Inadimplência
Apesar do aumento da participação de pessoa física na carteira de crédito -de 30% para 36%, comparando os dois primeiros trimestres- e de queda na de grandes empresas -de 41% para 35%-, houve redução de 5% para 4% no nível de inadimplência. Isso mesmo com analistas afirmando que o aumento do volume de empréstimos destinados à pessoa física acaba por elevar o risco de inadimplência.
Pedreira, da ABM Risk, diz que, além do aumento dos empréstimos concedidos, "os juros médios do período também ficaram em níveis maiores que os registrados no primeiro trimestre de 2004". No fim de março do ano passado, a taxa básica (Selic) estava em 16,25%. Um ano depois, os juros básicos estavam em 19,25%. Como a taxa Selic serve de referência para as outras taxas praticadas no mercado financeiro, quando ela sobe, tende a elevar os custos dos empréstimos.
"Se os bancos estão emprestando mais e a juros maiores, a tendência é os lucros aumentarem mesmo", diz Pedreira.

Reação na Bolsa
Na Bovespa, as ações preferenciais do Bradesco reagiram bem ao resultado e tiveram expressiva valorização de 4,21% ontem. Impulsionados pelos ganhos recordes dos bancos, os papéis das instituições financeiras são destaque de alta na Bolsa em 2005.
A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido médio do Bradesco deu um salto considerável, ao passar de 19,3% no primeiro trimestre de 2004 para 34,7% no mesmo período de 2005. Esse é um importante indicador da eficiência e do retorno potencial de uma instituição.


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