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CRÉDITO
Ex-ministro José Graziano diz que as condições dos empréstimos concedidos aos agricultores já "são muito vantajosas"
Assessor de Lula rejeita renegociar dívidas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assessor especial do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Segurança Alimentar e
Combate à Fome José Graziano
disse ser contrário a uma ampla
renegociação de dívidas agrícolas
porque "são muito vantajosas" as
condições dos empréstimos.
Segundo Graziano, na comparação com a taxa Selic (19,5% ao
ano), há um "subsídio" que equivale a dez pontos percentuais. Especialista em economia agrícola,
ele disse ainda que os pequenos
devedores "pagam mais" do que
os grandes e que seria "injustiça"
premiar estes últimos com uma
renegociação dos débitos.
A Folha revelou ontem que,
com o apoio do ministro Roberto
Rodrigues (Agricultura), a bancada ruralista pressiona a equipe
econômica para promover a renegociação geral das dívidas agrícolas -a terceira desde o lançamento do Real, há quase 11 anos.
As dívidas beneficiadas pelas renegociações de 1995 e de 2001 somam hoje R$ 20,5 bilhões, dos
quais R$ 9,8 bilhões já vencidos.
Há quatro anos, o Tesouro Nacional assumiu o risco de praticamente todas essas operações.
Graziano rebateu o argumento
de que é necessária a renegociação porque 2005 tem sido um ano
duro para os agricultores, como
dizem Rodrigues, as entidades ruralistas e a bancada do setor no
Congresso Nacional.
"O Brasil rural quebrou neste
ano. O momento é de encontrar
opções para que ele [o produtor]
não pague nada neste ano e ainda
receba um tipo de financiamento
para conseguir recursos para
plantar no próximo ano", afirma
João Bosco Leal, presidente do
MNP (Movimento Nacional de
Produtores).
Graziano discorda: "Quando as
dívidas precisam ser assumidas
pelo Tesouro, é porque já estão há
cinco anos sem quitação nos bancos oficiais. Não é um processo
que teve início neste ano".
O assessor especial de Lula diz
ainda que funcionários públicos,
como o secretário do Tesouro,
Joaquim Levy, podem ser judicialmente responsabilizados se
não inscreverem tais débitos na
dívida ativa da União.
No ano passado, a Fazenda passou a ameaçar os devedores inadimplentes com a inscrição de
seus nomes na chamada dívida
ativa da União -o que tiraria dos
produtores as condições privilegiadas concedidas nas renegociações e levaria as dívidas a serem
corrigidas pela Selic, atualmente
em 19,5% ao ano. É essa diferença
nos juros que Graziano considera
um "subsídio" equivalente a 10
pontos percentuais.
A inscrição dos devedores na dívida ativa é computada como despesa no cálculo do déficit público,
prejudicando as contas do governo, que já arca com os subsídios
da renegociação. Já a inadimplência representa perda de receitas.
Rodrigues e ruralistas desejam
criar fato consumado: alto montante de inadimplência que torne
inevitável a ampla renegociação.
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