São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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Negociação com os EUA deve ser o maior desafio

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Mauricio Mesquita Moreira, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, diz que a Alca pode "trazer enormes benefícios ao Brasil". As ressalvas: o país precisa conseguir colocar na mesa de negociação as barreiras não-tarifárias dos EUA e garantir a possibilidade de fazer políticas comerciais e de financiamento às exportações.
"O Brasil é o único país que tem poder de barganha nessa negociação. Nosso poder não é máximo, mas é considerável."
"No caso do Brasil, um país com escala internacional, uma negociação bem-feita só poderá trazer ganhos para vários setores. Nos setores dominados por multinacionais, há o risco de a empresa optar por fechar a planta no Brasil para exportar dos EUA. Mas é um risco pequeno, por causa do tamanho do nosso mercado."
Moreira utiliza modelos estatísticos para simular os efeitos que uma abertura comercial teria hoje na economia brasileira. A implementação da Alca, mostram esses modelos, geraria um acréscimo de 5% no PIB brasileiro.
O modelo não dá uma previsão do que ocorrerá. Ele é utilizado como instrumento de análise. Para fazer a estimativa, não são considerados, por exemplo, os efeitos de barreiras não-tarifárias, como as leis antidumping nos EUA.
"No caso das políticas de subsídios, por exemplo, não é possível estimar que tipo de dano uma restrição na capacidade do governo de adotá-las pode gerar", diz.
A pesquisadora Lia Valls Pereira, da FGV, por exemplo, tem estimativas diferentes. O impacto no PIB gerado pela entrada do Brasil na Alca seria de menos de 1%.
Lia ressalta que a estimativa é só um exercício. Como Moreira, a pesquisadora diz que os resultados vão depender de como serão feitas as negociações até 2005.



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