São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dados sugerem expansão em maio

MARCELO BILLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A produção industrial cresceu em maio. O maior movimento de caminhões nas estradas e a alta nas vendas de papelão ondulado e de veículos mostram que o processo de recuperação da indústria continuou no mês passado.
A estimativa da Tendências Consultoria, por exemplo, é que a indústria tenha crescido 1,6% no mês passado em relação a abril, contra a taxa de 0,1% de abril em relação a março. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) só divulgará o indicador de maio em 8 de julho.
Ontem, a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) anunciou que o fluxo de caminhões nas rodovias subiu 1,7% no mês passado. Já no caso de veículos leves, a alta foi de 0,9%. Roberto Padovani, da Tendências, explica que o trânsito de veículos é um bom indicador do volume de atividade.
No caso de veículos pesados, diz Padovani, há uma relação forte entre o fluxo nos pedágios e a produção industrial, já que uma alta da atividade na indústria leva a aumento do transporte de cargas. Já o aumento do tráfego de veículos leves, explica o analista, sugere recuperação na renda.
O desempenho das vendas de papelão ondulado, usado como insumo por praticamente toda a indústria de transformação, é outro indício de que o setor industrial teve desempenho positivo no mês passado. As vendas de papelão subiram 3,5% em maio sobre abril. Em relação ao ano anterior, a alta foi de 15,7%. No acumulado do ano, já chega a 8,4%.
O desempenho da indústria automobilística, cuja produção cresceu 4,3% em maio, também mostra que o processo de recuperação da indústria continuou em maio.
"Maio deve ser melhor, alguns indicadores apontam para isso, como os resultados das indústrias automobilística, de eletrodomésticos e de eletroeletrônicos", diz Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Gomes de Almeida, no entanto, faz uma ressalva. Os resultados de abril, diz, ainda mostram desequilíbrio, com setores que dependem da renda e do consumo populares apresentando queda em relação ao ano passado. Ele avalia que, em maio, esse desequilíbrio deva continuar. "Ainda não há crescimento suficiente para puxar todos os setores", diz.
Paulo Peres, presidente da ABPO (Associação Brasileira do Papelão Ondulado), informa que o crescimento das vendas realmente está mais relacionado com as exportações, mas ele diz que "há indícios de que o mercado interno começou a se movimentar".
Peres diz que, em maio, os setores que mais compraram embalagens foram os de mobiliário, vestuário, alimentos e higiene e limpeza. São setores que dependem da renda da população. "Ainda é necessário esperar mais dois meses de reação para ter certeza de que a retomada é sólida", diz ele, explicando que, como a recuperação das vendas começou em agosto de 2003, até agosto deste ano a base de comparação será fraca.
Claudio Vaz, diretor de pesquisas econômicas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diz que a expansão do setor continuará em maio. "Nós estamos em uma trajetória de crescimento. Mas ela ainda é pouco percebida por alguns setores."
Alex Agostini, economista da Global Invest, também espera que os resultados de maio confirmem a tendência de recuperação, mas faz a mesma ressalva de Almeida: setores que dependem da renda ainda devem levar dois meses para recuperar os níveis de produção registrados no ano passado.


Texto Anterior: Retomada: Produtos eletrônicos impulsionam indústria
Próximo Texto: Setor de petróleo tem retração
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.