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Dados sugerem expansão em maio
MARCELO BILLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A produção industrial cresceu
em maio. O maior movimento de
caminhões nas estradas e a alta
nas vendas de papelão ondulado e
de veículos mostram que o processo de recuperação da indústria
continuou no mês passado.
A estimativa da Tendências
Consultoria, por exemplo, é que a
indústria tenha crescido 1,6% no
mês passado em relação a abril,
contra a taxa de 0,1% de abril em
relação a março. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) só divulgará o indicador
de maio em 8 de julho.
Ontem, a ABCR (Associação
Brasileira de Concessionárias de
Rodovias) anunciou que o fluxo
de caminhões nas rodovias subiu
1,7% no mês passado. Já no caso
de veículos leves, a alta foi de
0,9%. Roberto Padovani, da Tendências, explica que o trânsito de
veículos é um bom indicador do
volume de atividade.
No caso de veículos pesados, diz
Padovani, há uma relação forte
entre o fluxo nos pedágios e a produção industrial, já que uma alta
da atividade na indústria leva a
aumento do transporte de cargas.
Já o aumento do tráfego de veículos leves, explica o analista, sugere
recuperação na renda.
O desempenho das vendas de
papelão ondulado, usado como
insumo por praticamente toda a
indústria de transformação, é outro indício de que o setor industrial teve desempenho positivo no
mês passado. As vendas de papelão subiram 3,5% em maio sobre
abril. Em relação ao ano anterior,
a alta foi de 15,7%. No acumulado
do ano, já chega a 8,4%.
O desempenho da indústria automobilística, cuja produção cresceu 4,3% em maio, também mostra que o processo de recuperação
da indústria continuou em maio.
"Maio deve ser melhor, alguns
indicadores apontam para isso,
como os resultados das indústrias
automobilística, de eletrodomésticos e de eletroeletrônicos", diz
Julio Gomes de Almeida, do Iedi
(Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Gomes de Almeida, no entanto,
faz uma ressalva. Os resultados de
abril, diz, ainda mostram desequilíbrio, com setores que dependem da renda e do consumo populares apresentando queda em
relação ao ano passado. Ele avalia
que, em maio, esse desequilíbrio
deva continuar. "Ainda não há
crescimento suficiente para puxar
todos os setores", diz.
Paulo Peres, presidente da
ABPO (Associação Brasileira do
Papelão Ondulado), informa que
o crescimento das vendas realmente está mais relacionado com
as exportações, mas ele diz que
"há indícios de que o mercado interno começou a se movimentar".
Peres diz que, em maio, os setores que mais compraram embalagens foram os de mobiliário, vestuário, alimentos e higiene e limpeza. São setores que dependem
da renda da população. "Ainda é
necessário esperar mais dois meses de reação para ter certeza de
que a retomada é sólida", diz ele,
explicando que, como a recuperação das vendas começou em agosto de 2003, até agosto deste ano a
base de comparação será fraca.
Claudio Vaz, diretor de pesquisas econômicas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), diz que a expansão do
setor continuará em maio. "Nós
estamos em uma trajetória de
crescimento. Mas ela ainda é pouco percebida por alguns setores."
Alex Agostini, economista da
Global Invest, também espera que
os resultados de maio confirmem
a tendência de recuperação, mas
faz a mesma ressalva de Almeida:
setores que dependem da renda
ainda devem levar dois meses para recuperar os níveis de produção registrados no ano passado.
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