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ONU E DESENVOLVIMENTO
Para empresários indianos, comércio com Brasil pode ser multiplicado por dez em uma década; brasileiros esperam aumento menor
Índia quer ampliar negócios com o Mercosul
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os indianos e a Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e
Desenvolvimento) estão mais otimistas em relação às possibilidades de crescimento do comércio
da Índia com o Brasil e com o
Mercosul do que os brasileiros. Os
indianos levam vantagem em
produtos manufaturados.
O presidente da Federação das
Câmaras de Comércio e Indústria
da Índia, Y. K. Modi, disse que espera que o comércio com o Brasil
se multiplique por dez nos próximos dez anos. No ano passado, as
vendas de produtos entre os dois
países somaram US$ 1,039 bilhão.
O secretário-executivo da Camex
(Câmara de Comércio Exterior),
Mario Mugnaini Júnior, avalia
que será positivo se o comércio
dobrar em quatro anos, chegando
perto de US$ 2,1 bilhões.
Em relação ao Mercosul (Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai), a
delegação indiana que está no
Brasil e que participará da 11ª
Conferência da Unctad, de 13 a 18
deste mês, em São Paulo, avalia
que o comércio poderá passar de
US$ 1,8 bilhão para US$ 30 bilhões em dez anos.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, atual secretário-geral da Unctad, disse que o comércio Índia-Mercosul tem potencial para chegar a US$ 26 bilhões, US$ 13 bilhões de cada lado.
Índia e Mercosul assinaram em
junho do ano passado um tratado
de redução de tarifas. Em janeiro
deste ano, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
àquele país, os dois países também firmaram um acordo bilateral. Os acordos estão em fase de
listagem de produtos para redução de tarifas.
Um estudo da Federação das
Câmaras de Comércio e Indústria
da Índia constatou que, na área de
produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos, as perspectivas do tratado são melhores para
a Índia do que para o Mercosul.
Ontem, o presidente da entidade disse à Folha, falando especificamente sobre as relações com o
Brasil, que o fato de a Índia ter
vantagens em algumas áreas não
significa que o Brasil possa sair
perdendo com o acordo.
"Tem produtos nos quais a Índia é mais competitivo e tem outros nos quais o Brasil é mais", relativizou. Segundo ele, as empresas indianas de autopeças estão
preocupadas porque o Brasil é
mais desenvolvido no ramo e pode se tornar um grande fornecedor indiano nessa área.
Para Modi, o Brasil e o Mercosul
até tendem a levar vantagem se
for levado em conta que o mercado indiano tem perto de 1,2 bilhão
de pessoas, mais de cinco vezes a
população do Mercosul, e que
desse total 300 milhões de pessoas
têm alto poder de compra.
Segundo o secretário-adjunto
do Departamento de Comércio
da Índia, Jayant Dasgupta, o fato
de seu país ser desenvolvido em
setores como produtos químicos,
farmacêuticos e o de softwares
não impede que até mesmo no setor químico haja complementaridade. Ele disse que as perspectivas
de vendas brasileiras para seu país
são boas nas áreas como as de automóveis e peças e aviões.
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