São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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ONU E DESENVOLVIMENTO

Para empresários indianos, comércio com Brasil pode ser multiplicado por dez em uma década; brasileiros esperam aumento menor

Índia quer ampliar negócios com o Mercosul

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Os indianos e a Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento) estão mais otimistas em relação às possibilidades de crescimento do comércio da Índia com o Brasil e com o Mercosul do que os brasileiros. Os indianos levam vantagem em produtos manufaturados.
O presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia, Y. K. Modi, disse que espera que o comércio com o Brasil se multiplique por dez nos próximos dez anos. No ano passado, as vendas de produtos entre os dois países somaram US$ 1,039 bilhão. O secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Mario Mugnaini Júnior, avalia que será positivo se o comércio dobrar em quatro anos, chegando perto de US$ 2,1 bilhões.
Em relação ao Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), a delegação indiana que está no Brasil e que participará da 11ª Conferência da Unctad, de 13 a 18 deste mês, em São Paulo, avalia que o comércio poderá passar de US$ 1,8 bilhão para US$ 30 bilhões em dez anos.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, atual secretário-geral da Unctad, disse que o comércio Índia-Mercosul tem potencial para chegar a US$ 26 bilhões, US$ 13 bilhões de cada lado.
Índia e Mercosul assinaram em junho do ano passado um tratado de redução de tarifas. Em janeiro deste ano, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva àquele país, os dois países também firmaram um acordo bilateral. Os acordos estão em fase de listagem de produtos para redução de tarifas.
Um estudo da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia constatou que, na área de produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos, as perspectivas do tratado são melhores para a Índia do que para o Mercosul.
Ontem, o presidente da entidade disse à Folha, falando especificamente sobre as relações com o Brasil, que o fato de a Índia ter vantagens em algumas áreas não significa que o Brasil possa sair perdendo com o acordo.
"Tem produtos nos quais a Índia é mais competitivo e tem outros nos quais o Brasil é mais", relativizou. Segundo ele, as empresas indianas de autopeças estão preocupadas porque o Brasil é mais desenvolvido no ramo e pode se tornar um grande fornecedor indiano nessa área.
Para Modi, o Brasil e o Mercosul até tendem a levar vantagem se for levado em conta que o mercado indiano tem perto de 1,2 bilhão de pessoas, mais de cinco vezes a população do Mercosul, e que desse total 300 milhões de pessoas têm alto poder de compra.
Segundo o secretário-adjunto do Departamento de Comércio da Índia, Jayant Dasgupta, o fato de seu país ser desenvolvido em setores como produtos químicos, farmacêuticos e o de softwares não impede que até mesmo no setor químico haja complementaridade. Ele disse que as perspectivas de vendas brasileiras para seu país são boas nas áreas como as de automóveis e peças e aviões.


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